Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

17 dezembro 2012

Tu és isso … eu não


« - Eu não percebo porque é que me achas atraente - murmurei. - Tu és … bom, tu és mesmo … e eu sou … - Encolhi os ombros e levantei os olhos para ele. - Não entendo. Tu és bonito, sexy, bem-sucedido, bom, gentil e carinhoso. Tu és tudo isso, e eu não. Não consigo fazer as coisas que tu gostas de fazer, não consigo dar-te aquilo de que precisas. Como poderias ser feliz comigo? Como poderei eu jamais prender-te? - A minha voz era um sussurro, ao expressar os meus medos mais tenebrosos. - Nunca percebi o que vês em mim. Ver-te com ela recordou-me tudo isso. - Funguei e limpei o nariz com as costas da mão, fitando a sua expressão impassível. (…)
- Vais ficar aqui ajoelhado toda a noite? É que eu também fico - disse-lhe eu, num tom brusco.»

in: As Cinquenta Sombras Mais Negras, de E L James, Vol. II, p. 348.

12 dezembro 2012

Charles Baudelaire | As Flores do Mal


A Morte dos Amantes

Teremos leitos só rosas ligeiras
Divãs de profundeza tumular,
E estranhas flores sobre prateleiras,
Sob os céus belos a desabrochar.

A arder de suas luzes derradeiras,
Nossos dois corações vão fulgurar,
Tochas a reflectir duas fogueiras
Em nossas duas almas, este par,

Gémeos espelhos. Por tarde mediúnica,
Nós trocaremos uma flama única
Um adeus que é um soluço tão cruel;

Pouco depois, um anjo abrindo as portas,
Virá vivificar, o mais fiel,
Os espelhos sem luz e as chamas mortas.

in: As Flores do Mal, de Charles Baudelaire, Ed. Planeta

15 novembro 2012

Muito se escreve por aí …

Muito se escreve por aí
Muito se fala por aí
Mas muito pouco se diz a verdade
Andam todos como cordeirinhos a pastar

A vida tornou-se monótona
A vida tornou-se demasiado vulgar
O mundo está igual
A pobreza abunda
A mente está doente

«Nove dias antes da sua morte, Immanuel Kant foi visitado pelo médico. Velho, doente e quase cego levantou-se da sua cadeira, fraco e trémulo, a murmurar palavras ininteligíveis. Por fim o seu fiel companheiro acabou por compreender que ele não se tornaria a sentar antes que o visitante também se sentasse. Assim fez, e Kant permitiu-se então ser ajudado a sentar e, após recuperar as forças, disse: "Das Gefuhl fur Humanitat hat mich noch nicht verlassen" - "O sentimento pela humanidade ainda não me abandonou" (Immanuel Kant, 1804, vol. III | Biblioteca de Berlim)

in: Erwin Panofsky, O Significado nas Artes Visuais, p. 15.

12 novembro 2012

O Mundo | Algures, de certo modo

A capacidade que temos para manobrar o mundo complexo que nos rodeia
depende desta possibilidade de apreender e de recordar -
apenas reconhecemos pessoas e locais porque criamos registos da sua aparência
e recuperamos parte desses registos na altura própria.
A nossa capacidade para imaginar eventuais acontecimentos
também depende da aprendizagem e da recordação,
e é o fundamento do raciocínio e da navegação imaginária do futuro e,
de uma forma mais geral, da criação de soluções inovadoras para um problema.
Para entendermos como tudo isto acontece temos de desvendar no cérebro os segredos
do "certo modo" e localizar o "algures".
Esse é um dos problemas mais complexos da neurologia contemporânea.
(…)
Aquilo que normalmente nos referimos como sendo a memória de um objecto
é a memória composta das actividades sensoriais e motoras com a interacção
entre o organismo e o objecto durante um certo período de tempo.
A gama de actividades sensório-motoras varia com o valor do objecto e com as circunstâncias,
o mesmo sucedendo com o registo dessas actividades.
As nossas memórias de determinados objectos são regidas pelo conhecimento passado de objectos comparáveis ou de situações semelhantes àquela que estamos a viver.
As nossas recordações são afectadas por preconceitos, na verdadeira acepção do termo, dada a nossa história passada e as nossas crenças.
A memória inteiramente fidedigna é um mito,
apenas aplicável a objectos triviais.
A noção de que o cérebro retém seja o que for como uma "memória isolada do objecto" não parece sustentável.
O cérebro retém uma memória daquilo que aconteceu durante a interacção,
e a interacção inclui de forma relevante o nosso próprio passado, e muitas vezes o passado da nossa espécie biológica e da nossa cultura.
O facto de apreendermos por interactividade, e não por recepção passiva, é o segredo do
"efeito proustiano" na memória, a razão pela qual muitas vezes recordamos contextos e não apenas coisas isoladas.

in: António Damásio, O Livro da Consciência, p. 169 a 171.

05 novembro 2012

Cogumelos | Homenagem à minha Avó


1. Azeite e cebola cortada às rodelas


2. Junta-se os cogumelos cortados, e deixa-se apurar bem acrescentando mais azeite.



3. Deixa-se cair o ovo sobre os cogumelos, e fica a apurar sem mexer mais.

27 outubro 2012

Contigo, corri um grande perigo.


- Não estou apaixonado por nenhuma mulher. Nunca estive. A minha única paixão é o meu trabalho. Contigo, corri um grande perigo.
Como podíamos conversar e tínhamos tanto a ver um com o outro, fiquei contigo mais tempo do que devia.
Esqueci-me do meu trabalho.

Elena viria mais tarde a repetir muitas vezes estas palavras. Lembrava-se da cara dele ao pronunciá-las, dos seus olhos, que haviam perdido todo o poder hipnótico e que eram agora, apenas, os olhos de um homem que obedece às ordens que lhe dão e não às leis do desejo e do amor.

in: Delta de Vénus, de Anais Nin, p. 83

23 outubro 2012

Não tenho …


Sou um ser criado pela natureza,
Mas não sei quase nada.
Não tenho jeito para falar com as outras pessoas,
Não tenho jeito para escrever,
Nem sei sequer falar.
Sou pouco dada a confidências,
Sobretudo da vida alheia.

Apenas sei que sinto o vento no meu rosto,
Apenas sei que sinto o sol na minha pele.

Por vezes sinto um bater forte do coração.
As emoções fazem-me chorar,
Libertar lágrimas com "cor de vermelho" tornam-me suave.

Descalça, nua e selvagem encontro finalmente a minha natureza.

in: Apontamentos breves, de Ana Paula Gaspar

26 setembro 2012

Provas de …

… Tal como não há Amizade, mas provas de amizade, ou Amor, mas provas de Amor, ou Ódio, mas provas de ódio, etc., os factos e os gestos fazem de uma aritmética que permite deduzir, mediante reconhecimento, a natureza da relação: amizade, amor, ternura, camaradagem, ou o contrário …
Os dois movimentos são simples: eleição e evitação. Força centrífuga, força centrípeta. Aproximação rumo a si, expulsão para fora. Esta ética é dinâmica, ininterrupta, sempre em movimento, em permanente relação com o comportamento de outrem. (…)


in: Michel Onfray, A Potência de Existir, p. 107/108

23 setembro 2012

Miguel Torga | Bichos


Ora eu sou teu irmão, nasci quando tu nasceste, e prefiro chegar ao juízo final contigo ao lado, na paz de uma fraternidade de raiz, a ter de entrar lá solitário como um lobo tresmalhado.
Ninguém é feliz sozinho, nem mesmo na eternidade.


in: Miguel Torga, Bichos (Contos), 15º ed., Coimbra, 1985, p. 9.

09 agosto 2012

África Negra | Mali


Conta-se que um viajante sedento, cansado (a um quilómetro atrás o seu camelo morrera), olhando o horizonte distante acreditou estar a ver uma cidade atravessada por canais cujas águas corriam lentamente; mas estava a ver o Saara.
Porém, um árabe, antigo condutor de caravanas, que também atravessava o deserto, desiludiu o viajante ao dizer-lhe que não eram canais o que os seus olhos viam, mas somente sulcos infinitos e inacabados, que aumentavam como línguas de fogo sobre as areias quentes do Saara e, que nesse instante estavam na blad al atach (em Árabe quer dizer terra de sede) e, para chegar a esses canais era necessário seguir na direcção do "meio-dia" até encontrar Tombuctu, a capital do deserto no Sudão francês (actual Mali).
No dia seguinte o viajante chegou a Tombuctu e, pode ver aquilo que anteriormente fora uma ilusão de óptica provocada pela sede. Isto é, viu os canais, os verdadeiros canais que a atravessavam, com as águas que correm lentamente ou desaparecem absorvidos pelo insuportável calor, que se ergue na atmosfera. Um desses canais que permite a navegação foi construído pelo Imperador Mohammed Askia, porém, em seguida, foi devorado pelas areias levadas pelos ventos persistentes e implacáveis.
in: África Negra, de Maria Paula da Costa (Filosofia) e Susana Marta Pinheiro (História), Uma Contribuição para o Conhecimento Histórico e Geográfico de África, p. 125.

06 agosto 2012

Salman Rushdie | Nasci na cidade de Bombaim…


«Era uma vez uma mãe que para ser mãe tinha aceitado mudar de nome; que aceitara a tarefa de amar o marido fragmento a fragmento, mas que nunca foi capaz de amar uma parte, curiosamente aquela parte que tornou possível a sua maternidade; que coxeava por causa dos calos dos pés e que carregava dolorosamente aos ombros o peso dos pecados do mundo; cujo órgão pouco amado do marido nunca recuperou das consequências dum congelamento; e que, tal como o marido, acabou por sucumbir aos mistérios do telefone, gastando longos minutos a ouvir os que se enganavam no número … 
Os sofrimentos que se passam em nome da virtude! As pancadas e os rombos que se apanham! Respirar, com os dentes cerrados, a atmosfera da mala e o cheiro da borracha! E o medo constante de se poder ser descoberto … »

in: Os Filhos da Meia Noite, de Salman Rushdie, Publicações Dom Quixote, p. 203

Orelha | Anish Kapoor



O simbolismo mais importante da orelha é aquele que se relaciona com o mito de Vaishvanara como Inteligência Cósmica: as orelhas correspondem às direcções do espaço, o que é muito interessante, se nos lembrarmos do papel que a ciência contemporânea atribui aos canais semicirculares.
Em África, a orelha simboliza sempre a animalidade. Para os Dogons e Bambaras do Mali, a orelha é um duplo símbolo sexual: sendo o pavilhão o pénis, e o conduto auditivo, uma vagina. O que se explica pela analogia entre a palavra e o esperma, ambos homólogos da água fecundante, concebida pela divindade suprema. A palavra do homem, dizem os Dogons, é tão indispensável à fecundação da mulher como o seu líquido seminal. A palavra masculina desce pela orelha, tal como o esperma desce pela vagina, para se enrolar em espiral em torno do útero e fecundá-lo.

in: Dicionário dos Símbolos, de Jean Chevalier & Alain Gheerbrant
[A Fotografia é de Ana Paula Gaspar, a obra de arte é de Anish Kapoor, artista indiano, a peça encontra-se no Centro Cultural de Belém, em Lisboa]

02 agosto 2012

Deepak Chopra | 7 Leis Espirituais

I | A Lei da Potencialidade Pura
O nosso verdadeiro Eu é potencialidade pura, aliamo-nos ao poder que manifesta tudo no Universo.

II | A Lei da Dádiva
O Universo opera através da troca dinâmica … dar e receber constituem diferentes aspectos do fluxo de energia do Universo.

III | A Lei do Karma ou da Causa - Efeito
Toda a acção gera uma força de energia que nos é devolvida na mesma espécie … aquilo que semeamos é aquilo que colhemos.

IV | A Lei do menor esforço
A inteligência da natureza funciona com um mínimo de esforço … com despreocupação, harmonia e Amor.

V | A Lei da intenção e do Desejo
Todas as intenções e desejos contêm a sua própria possibilidade de realização. A intenção e o desejo possuem um poder organizador infinito.

VI | A Lei do Desprendimento
A libertação do passado, do conhecido, da prisão da circunstância do passado.

VII | A Lei do "Dharma" ou da Finalidade da Vida
Todas as pessoas possuem uma finalidade na vida … uma dádiva singular, ou um talento especial para oferecer aos outros.

in: As Sete Leis Espirituais do Sucesso, de Deepak Chopra, Editorial Presença

27 julho 2012

Uma Rosa Amarela no meu jardim


Sebastião da Gama | A Companheira

Não te busquei, não te pedi: vieste.
E desde que nasci houve mil coisas que a meus olhos se deram com igual simplicidade:
O Sol, a manhã de hoje, essa flor que é tão grácil que a não quero,
o milagre das fontes pelo estilo …
Vieste.
O Sol veio também, a flor, a manhã de hoje, as águas …
Alegria, mas calada alegria, mas serena,
entendimento puro, natural encontro,
natural como a chegada do Sol, da flor, das águas,
da manhã de ti, que eu não buscava nem pedira.
E o Amor? E o Amor?
E o Amor?
… : Vieste.

in: Museu Sebastião da Gama, Vila Fresca de Azeitão, (C.M. de Setúbal)

25 julho 2012

Michel Onfray | A Arqueologia do Presente


A miséria intelectual e cultural do nosso tempo exibe-se também em diversas propostas estéticas contemporâneas. Se queremos defender a arte contemporânea, devemos evitar celebrá-la em bloco, sendo necessário, para isso, a paciente operação de uma inventariação: separar a positividade magnífica da negatividade residual. Defender a força activa e recusar a força reactiva.
Ao estilo da medicina forense.

in: A Potência de Existir, de Michel Onfray, Campo da Comunicação, p. 147.

19 julho 2012

Ana Gaspar | Libertar o Leão

Todos somos uma só mente
A doença do outro é a nossa doença
A alegria que é nossa também é do outro
Estamos todos unidos pela criação
Estamos unidos pela força do Amor pela Vida
União ao Universo da Criação
Somos seres criadores.

Ana Paula Gaspar, 17 de Julho de 2012

15 julho 2012

Darwin | Evolução


Nós somos um exemplo do que se poderia chamar "a sobrevivência do tangencialmente adequado". Temos orgulho na nossa capacidade intelectual e na nossa cultura, mas como espécie somos medianos em muitos aspectos. Em quase todos os habitats somos mais lentos, frágeis e menos eficientes do que os animais circundantes, incluindo os predadores mais ferozes. Não somos sequer grande coisa nas tarefas em que nos julgamos especiais, como pensar ou caminhar com a postura erecta. Fazemos raciocínios errados com frequência, alguns dos quais fatais. Esquecemo-nos de informações importantes, apressamo-nos em conclusões erradas, ignoramos a realidade. Os nossos cérebros são atreitos a ilusões e alucinações, e as emoções podem tomar conta de nós, levando-nos a estranhos comportamentos. Mas, e ainda assim, em regra saímo-nos bem com o cérebro que nos coube, por mais imperfeito que seja. A postura erecta trouxe muitas vantagens, como libertar as mãos para o transporte de alimentos e a manipulação de utensílios. Esta solução está longe de ser perfeita, porém. (…)

Embora haja entraves à Evolução, o seu poder não deixa de ser incrível, até majestoso. Perceber que um processo tão simples deu origem à diversidade que existe na natureza continua a ser tão arrebatador hoje como foi no tempo de Darwin.
"Há grandeza nesta visão da vida", escreveu ele, encantado por perceber que, "de um começo tão modesto, inúmeras formas mais belas e mais maravilhosas evoluíram e vão evoluindo".

Todas as criaturas, da bactéria mais minúscula à baleia azul, estão num dos ramos da grande árvore da vida. Eis-nos assim chegados ao grande final que te fará sentir um formigueiro na espinha:
Tu és parente de cada pessoa, de cada espécie, de cada um dos seres vivos que alguma vez apareceram neste planeta. De todos e de cada um.

in: Evolução, de Daniel Loxton, Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 24/25.
[A fotografia que aqui se apresenta, foi recolhida no Field Museum, Chigado, em Outubro, 2010]

13 julho 2012

Michel Onfray | A Potência de Existir

Um sistema hedonista.
Sugiro amiúde esta máxima de Chamfort, por ela funcionar como imperativo categórico hedonista: desfruta e faz desfrutar, sem fazeres mal a ti ou a alguém: eis toda a moral.
Está tudo dito nesta máxima: fruição de si, é certo, mas também e sobretudo fruição de outrem, porque sem ela nenhuma ética é possível ou pensável, pois só o estatuto do outro a define como tal. Sem outro - como no Marquês de Sade - , nenhuma moral é possível… No terreno consequencialista, a densidade desta máxima de Chamfort comporta desenvolvimentos infinitos.

A máquina celibatária.
A minha definição do celibatário não coincide com a habitual acepção do estado civil. A meu ver, o celibatário não vive necessariamente sozinho, sem companheiro ou companheira, sem marido ou mulher, sem esposo regular. Na verdade, o celibatário define aquele que, ainda que comprometido numa história dita amorosa, conserva as prerrogativas e o uso da sua liberdade. Esta figura aprecia a sua independência e deleita-se com a sua soberana autonomia. O contrato no qual se instala não tem um prazo indeterminado, mas determinado, possivelmente renovável, é certo, mas não de uma forma obrigatória.

in: Michel Onfray, A Potência de Existir, Editora Campo da Comunicação, pp. 77/125.

11 julho 2012

Jacques Rancière | A pintura no texto

Não há arte sem um olhar que a veja como arte. Contrariamente à sã doutrina que pretende que um conceito seja a generalização das propriedades comuns a um conjunto de práticas ou de objectos, é estritamente impossível exibir um conceito de arte que defina as propriedades comuns à pintura, à música, à dança, ao cinema ou à escultura.
O conceito de arte não é a exibição de uma propriedade comum a um conjunto de práticas, nem sequer uma dessas "semelhanças de família" que os discípulos de Wittgenstein convocam em último recurso.

A arte, tal como a designamos, só existe há uns meros dois séculos. Não nasceu graças à descoberta do princípio comum às diferentes artes - senão seriam precisos esforços superiores aos de Clement Greenberg para fazer coincidir a sua emergência com a conquista para cada arte do seu "medium" próprio. A arte nasceu num longo processo de ruptura com o sistema das belas-artes, isto é, com um outro regime de disjunção no seio das artes.

A arte em geral existe em virtude de um regime de identificação - de disjunção - que dá visibilidade e significação a práticas de arranjo das palavras, de arranjo expositivo das cores, de modelagem dos volumes ou de evolução dos corpos, que decidem, por exemplo, o que é a pintura, o que se faz ao pintar e o que se vê num mural ou numa tela pintados.

in: O Destino das Imagens, de Jacques Rancière, Orfeu Negro, pp. 99 a 101

10 julho 2012

Nietzsche | Arte e Estética

A palavra Dionísio significa mais para Nietsche, de acordo com interpretação de Muller-Lauter. Para ele, a experiência dionisíaca deve permitir respirar na "mais monstruosa paixão e altitude".
Um tal exercício requer uma saúde peculiar que, para além de perigosas escaladas, possibilite a aventura de percorrer os limites da alma.

"A saúde pertence a quem tem sede na alma de percorrer com sua vida todo o horizonte dos valores e de quanto foi desejado até hoje, quem tem sede de circum-navegar as costas deste ideal 'mediterrâneo'. (NIETZSCHE, 1882:280)
A experiência dionisíaca propõe a intensificação da vida em condições extremas.
A "inesgotabilidade do fundo dionisíaco do mundo" (FINK, 1983:20) permite que o fenómeno da arte seja colocado no centro, a partir dele se torna possível decifrar o mundo.

Na confrontação entre o homem científico e o homem artístico proposta por Nietzsche, Fink observa que o homem artístico é o tipo superior em comparação com o lógico e o cientista (1983:35). Para o homem artístico o questionamento e destruição dos velhos limites impostos pela dureza dos conceitos pode ser uma resposta criadora da intuição. Nesse sentido, a criança como metáfora de inocência e esquecimento nega um certo tipo de tradição do conhecimento, que se constrói a partir de uma criteriosa memorização e ordenação de saberes.
Nietzsche considera que para ser artista, também é necessário esquecer, ignorar! (1882:14).

O esquecimento como hábito elegante é capaz de inaugurar novas impressões, compreensões. Ao mesmo tempo, tal hábito enfurece os mais velhos e os eruditos, que passam a ser entendidos como perspectivas, e podem até ser ignorados.

Nietzsche engenha uma estilização da vida, onde gestos, palavras, pensamentos e todo o entorno, criado por cada um, sejam a representação mais perfeita de si, onde a beleza está associada ao estilo - forma única e original de ser.
"O estilo deve provar que o sujeito acredita em seus pensamentos, e que não apenas os pensa, mas sente." (Nietzsche, 1884:60)

A existência como projecto estético, para além de qualquer sentido, valoriza a dimensão artística da vida, onde o belo é um eterno vir a ser.

in: Nietzsche, arte e estética: uma interpretação do belo, por Marisa Forghieri, Revista de Filosofia, Edição 08, pp. 32 a 39.

22 junho 2012

Agradecer | Obrigado


Agradecimento:
agradeço à Luz
agradeço à Vida
agradeço à Terra que me viu nascer…


[A obra de arte que aqui se inclui é uma criação do artista Allan Mc Collum]

19 junho 2012

Gustave Doré | Andrómeda


Na antiga mitologia grega, Andrómeda uma jovem mulher, mais bela que as suas contemporâneas, foi acorrentada a um rochedo para morrer, no entanto, tendo sido salva por Perseus, casou e teve seis filhos.

11 junho 2012

Semir Zeki | Conhecimento Visual


Para o neurobiólogo Semir Zeki, o prazer que sentimos diante do belo está ligado à aquisição de conhecimento.
O conhecimento não é só o que se expressa pela linguagem.
Há um conhecimento visual. A arte é um subproduto da função evolutiva do cérebro. Assim, cientistas estudam como o cérebro é estimulado por quadros, esculturas, peças de música e imagens de dança.

in: Darwinismo Literário, 2006
Ver: allanmccollum.net
(A obra de arte que se inclui é uma criação do artista Allan Mc Collum)

21 maio 2012

Sete Homenagens | Tipografia


Adrian Frutiger, Christopher Plantin, Eric Gill, Giambattista Bodoni, John Baskerville, Pierre Simon Fournier, William Caslon
&
A capacidade Expressiva dos Caracteres Tipográficos

in: Das Letras que Moram nas Palavras, Exposição Jorge dos Reis, BN, Lisboa, 2001

15 maio 2012

Natureza | O Convento dos Capuchos, em Sintra




O Convento da Cortiça ou Convento de Santa Cruz da Serra de Sintra, foi edificado de acordo com uma filosofia de respeito pela harmonia entre a construção humana e a construção divina, razão pela qual o edifício se funde com a natureza, indissociável de vegetação e incorporado na construção em enormes fragas de granito. Através do exercício de contemplação, em cumprimento dos ensinamentos de São Francisco de Assis, estes religiosos adoravam o Criador através do que consideravam ser a sua obra: a Natureza.

10 maio 2012

Tous les Jardins du Monde | Serralves


Um jardim é um símbolo do Paraíso terrestre, do Cosmos de que ele é o centro, do Paraíso celeste de que é representação, dos estados espirituais, que correspondem às moradas paradisíacas.
Não há jardins sem perfumes. Existe um simbolismo ligado ao perfume das flores.
Wasiti diz: Aquele que quer contemplar a glória de Deus contempla uma rosa vermelha… E da mesma forma que a Realidade última pode ser percebida na contemplação imóvel duma rosa vermelha, assim também quando uma flor delicada encanta o coração, sentimo-nos de novo por um instante uma planta. O místico vê Deus no jardim e vê-se a si próprio na erva.

in: Jardim da Fundação Serralves, Porto (Fotografia da estufa de flores)
in: Dicionário dos Símbolos, de Jean Chevalier, Alain Gheerbrant, p. 382 e 383.

04 maio 2012

Keith Haring | Uma Vida pela Arte




«A minha contribuição para o mundo é a minha capacidade para desenhar. Desenharei tanto quanto puder, para tantas pessoas quantas puder, por quanto tempo quanto puder.» K. Haring

Keith Haring nasceu a 4 de Maio de 1958, em Reading, na Pensilvânia. Sendo o mais velho de quatro irmãos manifesta interesse pelo desenho quando era ainda criança. Em 16 de Fevereiro de 1990 Haring morre de SIDA, com apenas 31 anos de idade.

02 maio 2012

Franz Kafka | À Noite


Profundamente perdido na noite.
Tal como por vezes se baixa a cabeça para reflectir, para assim estar completamente perdido na noite. Os homens dormem em redor. É apenas um faz-de-conta, uma auto-ilusão inocente, de que dormem em casas, em camas seguras, debaixo de um tecto seguro, estendidos ou enrolados em colchões, entre lençóis, debaixo de cobertores; na realidade, juntaram-se como já o haviam feito no passado e como voltarão a fazer mais tarde numa região deserta, num acampamento a céu aberto, um número incontável de homens, um exército, um povo, debaixo de um céu frio na terra fria, tombados onde antes se erguiam, de testa assente no braço, cara contra o chão, respirando silenciosamente.
E tu vigias, és um dos vigias, descobres o próximo acenando com um pau aceso que tiraste da pilha de silvas ao teu lado.
Porque vigias?
Alguém tem de vigiar, diz-se.
Alguém tem de estar ali.

in: O Abutre e Outras Histórias, de Franz Kafka, p. 15.

25 abril 2012

Mário de Sá-Carneiro | Loucura

… Assim, uma manhã, falava-lhe eu dos mais famosos livros de amor; bordava comentários sobre a comovente Manon, sobre o assombroso Werther, sobre a romântica Dama das Camélias. Citava o Dante, Camões, Petrarca; fantasiava um episódio lírico, no qual - à luz do luar - deslizassem por diante dos olhos de dois noivos, todos os amores célebres - desde Helena e Páris, até à Safo e a João Gaussin. O meu amigo, que parecia interessado, soltou repentinamente uma gargalhada estrídula clamando:
- Tudo isso são idiotices … o amor? Pf … Mas que vem a ser o amor?
Uma necessidade orgânica, nada mais.
Para obrar, podemo-nos servir de um vaso de louça; para amar precisamos de um recipiente de carne …
O Dante, o Camões zarolho … Bolas! … Patetinhas alambicados, imbecis versejadores … Tu, provavelmente, meu patarata, não foges à regra geral: vais para aí, ao lusco-fusco, dizer mil banalidades a qualquer burguesinha sensual e camafeu …
Resistes, a pé firme, ao vento e à chuva, hein? … Pobre de espírito! Felizardo … Irás para o reino dos céus: Ah! Ah! …
Vendo a conversação tomar um tal rumo, calei-me. Eu, nestas circunstâncias, calava-me sempre…
(…)
- Foi por isso justamente que me armei em escultor: faço estátuas. As minhas estátuas não são como as outras, meu velho, têm vida … Vida, percebes? … Em vez de fazer carne com a minha carne, faço vida com as minhas mãos; isto é, com o meu cérebro, que as conduz. Faço vida, o tempo passa sobre as minhas estátuas, não passa sobre mim …
Tinha razão. Mostrou-me as suas obras. Essas esculturas, viviam … Mármore de uma factura genial, assombrosa …
Obras-primas, sem dúvida; mas umas obras-primas singulares, por vezes disparatadas no belo …
Rico, não fizera da sua arte um ramo de comércio. Por isso, tanto mais lhe reconheciam o talento: Raul Vilar, o moço escultor, seria célebre dentro em pouco.
Indaguei pormenorizadamente da sua vida. Nela continuava a não aparecer nenhuma mulher. Quando lhe perguntei, por rodeios, exclamou:
- Pateta … mulheres? Para quê? Não tenho as minhas estátuas, não tenho mármore? … Dizem vocês os literatos cretinos, descrevendo o corpo de uma mulher ideal: "As suas pernas bem torneadas e nervosas, eram duas colunas de rijo mármore; o seu colo, alabastro puro."
Sim, apesar da vossa grande imbecilidade, vocês compreendem que a suprema beleza da carne está em parecer pedra … Ora eu tenho pedra; para que hei-de querer carne, pateta? E a dizer isto, acariciava os seios de uma maravilhosa dançarina grega.
Pensando em Raul, dizia para mim próprio: "Será apenas um original que se deseja salientar, que faz gala nas suas originalidades; ou será um louco?"

in: Mário de Sá-Carneiro, Loucura, Publicações Europa-América, pp. 8-9.

14 abril 2012

Antonio Tabucchi | Os últimos três dias …

Só falei do tempo que passa

Que horas eram? Pessoa não sabia. Seria noite? O dia já se teria levantado?
A enfermeira veio e deu-lhe outra injecção.
Pessoa já não sentia a dor do lado direito.
Estava agora numa paz estranha, como se um nevoeiro tivesse descido sobre ele.

in: Antonio Tabucchi, Os Últimos Três Dias de Fernando Pessoa, Quetzal, Lisboa, 1995, p. 29

10 abril 2012

Recebi | Oferta



Uma Bela Imagem!
Obrigado.

29 março 2012

Immanuel Kant


Duas coisas enchem a mente de … espanto e respeito … o céu estrelado acima de mim e a lei moral dentro de mim.

Immanuel Kant, Crítica da Razão Prática, in: Filosofia, Editora Civilização, p. 117

21 março 2012

Johannes Itten | 7 Contrastes de Cor


Fala-se de contrastes quando se pode constatar, entre dois efeitos de cores que é preciso comparar, as diferenças ou intervalos sensíveis. Quando estas diferenças atingem o máximo, fala-se de contrastes de oposição ou polares.
A nossa capacidade perceptiva funciona por comparação.
Constataram-se 7 contrastes de cor diferentes entre si.
Goethe, Bezold, Chevreul e Hozel sublinharam a importância da cor e dos diversos contrastes.
1. Contraste da cor em si | 2. Contraste claro/escuro | 3. Contraste quente/frio | 4. Contraste das complementares | 5. Contraste simultâneo | 6. Contraste de qualidade | 7. Contraste de quantidade.

in: Johannes Itten, Art de la Coleur
[Fotografia de um pormenor da obra da artista portuguesa, Joana Vasconcelos]

08 março 2012

Ser humano …


O Ser Humano inventou ferramentas, instrumentos, máquinas, edifícios, aviões, comboios …
A inteligência que o fez criar cidades, planos, jardins …
As viagens que lhe trouxeram outras culturas, conhecimento, expansão …
Então e hoje?
Quem é este Ser Humano?
Para onde caminhamos?
A ciência faz o seu trabalho, a filosofia o seu, a psicologia, a medicina, a tecnologia, o design …
Então e o sonho, o afecto, a frustração, a tranquilidade de um final de tarde e a despedida ao Sol …
E ver nascer a Lua cheia …
E criar poesia, dançar …
E a beleza da vida?
O que é Qualidade de Vida hoje?

27 fevereiro 2012

Albert Camus | Filosofia


Há gente que é feita para viver e gente que é feita para amar.

Só chamamos de amor o que nos une a certos seres por influência de um ponto de vista colectivo gerado nos livros e nas lendas. Mas do amor só conheço a mistura de desejo, ternura e entendimento que me liga a determinado ser.


in: http://filosofocamus.sites.uol.com.br/frases_camus.htm

14 fevereiro 2012

Coroa


O simbolismo da coroa depende de três factores:
1. O seu lugar no alto da cabeça confere-lhe um significado sobre-eminente: partilha não só os valores da cabeça, cimo do corpo humano, mas também os valores do que encima a própria cabeça, um dom vindo do alto: marca o carácter transcendente de uma realização.
2. A sua forma circular indica a perfeição e a participação na natureza celeste, de que o círculo é o símbolo; une no coroado aquilo que está abaixo dele e o que está acima, mas marcando os limites que, em tudo o que não é ele, separam o terrestre do celeste, o humano do divino: recompensa duma prova, a coroa é uma promessa de vida imortal, a exemplo da vida dos deuses.
3. A matéria da coroa, vegetal ou mineral, precisa, pela sua consagração a tal deus ou deusa, a natureza do acto heróico realizado e a recompensa divina atribuída, a identificação com Ares (Marte), Apolo, Dioniso, etc. Ela revela ao mesmo tempo quais as forças supraterrestres que foram captadas e utilizadas para atingir o feito premiado.

Concebe-se, desde logo, que a coroa simboliza uma dignidade, um poder, uma realeza, o acesso a um nível e a forças superiores. Quando ela culmina em forma de domo, afirma uma soberania absoluta.

in: Dicionário dos Símbolos, de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant

12 fevereiro 2012

Às vezes


Às vezes julgo ver nos meus olhos
A promessa de outros seres
Que eu podia ter sido,
Se a vida tivesse sido outra.

Mas dessa fabulosa descoberta
Só me vem o terror e a mágoa
De me sentir sem forma, vaga e incerta
Como a água.

in: Sophia de Mello Breyner Andresen

10 fevereiro 2012

Ser Especial | Único


Todos Queremos Ser Únicos
Todos Queremos Ser Especiais
Todos Queremos Ser Eternos
Todos Queremos Ser Anjos

Mas Todos Somos Seres Humanos e Vivemos da Terra

08 fevereiro 2012

Um pequeno almoço divertido | Criança



Dois pães de leite, oito nozes, nove bolachas (para a rotunda), três cenouras, um pai natal de chocolate (é o sinaleiro), couve ou outro legume (para a relva)…
Divirtam-se com as vossas crianças!
E depois fotografem.

06 fevereiro 2012

[RE] Animar




Uma interpretação contemporânea do objecto Zoetrope.
No contexto contemporâneo, cuja consciência tem vindo a originar um conjunto de estratégias e mecanismos assentes na reutilização, reciclagem e recriação de objectos obsoletos, nasce o projecto [RE] Animar.
Um exercício experimental, que visa novas formas de conceber e explorar o brinquedo óptico - Zoetrope, no qual se aliam duas temáticas emergentes da actualidade - Cinema de Animação e Reciclagem.

in: Projecto desenvolvido por Mafalda Almeida e Magda Cordas, Museu de Arte Contemporânea, Elvas, Fevereiro de 2012

01 fevereiro 2012

A definição de Arte


Em resumo, descobrimos dois elementos presentes em todas as obras de arte plásticas: a forma que atribuímos à atracção das leis universais da natureza, e da cor, que é a propriedade superficial de todas as formas concretas e que serve para realçar a natureza física e a textura destas formas. (…)
Equilíbrio, simetria e ritmo são todas propriedade deste tipo e o seu objectivo é sugerir a condição estática ou dinâmica, passiva ou activa das formas relacionadas.
A composição é a soma total de todas estas propriedades secundárias, incluindo a cor, e o objectivo da composição é organizar todos os elementos físicos que transformam uma obra de arte num desenho coerente, que agrada aos sentidos.
Se a obra de arte envolve uma ilusão de espaço, então todas estas propriedades devem contribuir para essa ilusão.

in: Herbert Read, A Educação pela Arte, Edições 70, 1982, p. 38

30 janeiro 2012

A Estética


O objectivo da educação.
Será meu objectivo mostrar que a função mais importante da educação está relacionada com uma orientação psicológica e que por esta razão a educação da sensibilidade estética é de importância fundamental.
A teoria a desenvolver abrange todos os modos de auto-expressão, literária e poética (verbal), assim como musical e auditiva, e forma uma abordagem integral da realidade que deveria chamar-se educação estética - a educação daqueles sentidos em que se baseiam a consciência e finalmente, a inteligência e raciocínio do indivíduo humano. 

in: Herbert Read, A Educação pela Arte, Edições 70, Lisboa, 1982, p. 20.

27 janeiro 2012

Ilustrarte | Valerio Vidali


Que um ilustrador ame a pintura, não é de admirar.
Mas quando esse amor se transforma em paixão, o ilustrador transforma-se em pintor … e tudo pode acontecer.
O que era realista, hiper-realista, passa a ser pessoal.
Os colossos tornam-se maquinais.
Os animais, espantosos.
Os alfabetos, fabulosos.
As cozinhas, grandes como jardins
E os jacintos e as rosas exalam perfumes, como só as flores pintadas com paixão o podem fazer!

in: Martin Jarrie, Museu de Electricidade, Lisboa, 2011

24 janeiro 2012

O Tempo


Caso o cérebro utilize o tempo para integrar processos separados em combinações significativas, esta seria uma solução sensata e económica, mas não seria uma solução desprovida de riscos e problemas.
O principal risco seria a dessincronização (mistiming). Qualquer disfunção do mecanismo de regulação do tempo criaria provavelmente uma integração adulterada ou uma desintegração. Talvez seja isto que de facto acontece em estados de confusão causados por traumatismos cerebrais ou em alguns sintomas de esquizofrenia e outras doenças mentais.
O problema fundamental criado pela ligação pelo tempo (time binding) tem a ver com a necessidade de manutenção de uma actividade intensa, em diferentes locais, durante o intervalo de tempo que for necessário para a elaboração de combinações significativas e para o processo do raciocínio e da tomada de decisões.
Por outras palavras, a ligação pelo tempo requer mecanismos de atenção e de memória de trabalho poderosos e efectivos, e a natureza parece ter acedido em fornecê-los.

in: António Damásio, O Erro de Descartes, 2011, p. 136.

18 janeiro 2012

O Organismo Interior


O cérebro e o corpo encontram-se indissociavelmente integrados por circuitos bioquícos e neurais reciprocamente dirigidos de um para o outro. Existem duas vias principais de interconexão.
A via em que normalmente se pensa primeiro é a constituída por nervos motores e sensoriais periféricos que transportam sinais de todas as partes do corpo para o cérebro e do cérebro para todas as partes do corpo.
A outra via, que vem menos facilmente à ideia embora seja bastante mais antiga em termos evolutivos, é a corrente sanguínea; ela transporta sinais químicos, como as hormonas, os neurotrnsmissores  e os neuromoduladores.

in: O Erro de Descartes, de António Damásio, Círculo de Leitores, Lisboa, 2011, p. 126.

09 janeiro 2012

O Professor


A minha primeira conclusão foi que os bons resultados na criação dependem, na escola como na classe, duma atmosfera simpática.
A atmosfera certa pode existir numa escola de vila ou nas barracas escuras duma qualquer cidade industrial.
A atmosfera é a criação do Professor.
Criar a atmosfera de espontaneidade duma feliz indústria infantil é o segredo essencial e talvez único do sucesso de ensinar.

in: Herbert Read, A Educação pela Arte, Edições 70, Lisboa, 1982, p. 354.

03 janeiro 2012

Herbert Read | A Arte


A arte deve ser a base da educação.

"Todas as grandes revoluções são feitas em pensamento. Quando se produz uma mudança no pensamento humano, a acção segue a direcção do pensamento como um navio segue a direcção indicada pelo seu radar." (Tolstoi)

in: Herbert Read, A Educação pela Arte, Edições 70, Lisboa, 1982