Muito se escreve por aí
Muito se fala por aí
Mas muito pouco se diz a verdade
Andam todos como cordeirinhos a pastar
A vida tornou-se monótona
A vida tornou-se demasiado vulgar
O mundo está igual
A pobreza abunda
A mente está doente
«Nove dias antes da sua morte, Immanuel Kant foi visitado pelo médico. Velho, doente e quase cego levantou-se da sua cadeira, fraco e trémulo, a murmurar palavras ininteligíveis. Por fim o seu fiel companheiro acabou por compreender que ele não se tornaria a sentar antes que o visitante também se sentasse. Assim fez, e Kant permitiu-se então ser ajudado a sentar e, após recuperar as forças, disse: "Das Gefuhl fur Humanitat hat mich noch nicht verlassen" - "O sentimento pela humanidade ainda não me abandonou" (Immanuel Kant, 1804, vol. III | Biblioteca de Berlim)
in: Erwin Panofsky, O Significado nas Artes Visuais, p. 15.
A água do rio continua a correr… O presente espaço é uma partilha de palavras e de imagens, desabafos e expressões com emoção e significado próprio…
15 novembro 2012
12 novembro 2012
O Mundo | Algures, de certo modo
A capacidade que temos para manobrar o mundo complexo que nos rodeia
depende desta possibilidade de apreender e de recordar -
apenas reconhecemos pessoas e locais porque criamos registos da sua aparência
e recuperamos parte desses registos na altura própria.
A nossa capacidade para imaginar eventuais acontecimentos
também depende da aprendizagem e da recordação,
e é o fundamento do raciocínio e da navegação imaginária do futuro e,
de uma forma mais geral, da criação de soluções inovadoras para um problema.
Para entendermos como tudo isto acontece temos de desvendar no cérebro os segredos
do "certo modo" e localizar o "algures".
Esse é um dos problemas mais complexos da neurologia contemporânea.
(…)
Aquilo que normalmente nos referimos como sendo a memória de um objecto
é a memória composta das actividades sensoriais e motoras com a interacção
entre o organismo e o objecto durante um certo período de tempo.
A gama de actividades sensório-motoras varia com o valor do objecto e com as circunstâncias,
o mesmo sucedendo com o registo dessas actividades.
As nossas memórias de determinados objectos são regidas pelo conhecimento passado de objectos comparáveis ou de situações semelhantes àquela que estamos a viver.
As nossas recordações são afectadas por preconceitos, na verdadeira acepção do termo, dada a nossa história passada e as nossas crenças.
A memória inteiramente fidedigna é um mito,
apenas aplicável a objectos triviais.
A noção de que o cérebro retém seja o que for como uma "memória isolada do objecto" não parece sustentável.
O cérebro retém uma memória daquilo que aconteceu durante a interacção,
e a interacção inclui de forma relevante o nosso próprio passado, e muitas vezes o passado da nossa espécie biológica e da nossa cultura.
O facto de apreendermos por interactividade, e não por recepção passiva, é o segredo do
"efeito proustiano" na memória, a razão pela qual muitas vezes recordamos contextos e não apenas coisas isoladas.
in: António Damásio, O Livro da Consciência, p. 169 a 171.
depende desta possibilidade de apreender e de recordar -
apenas reconhecemos pessoas e locais porque criamos registos da sua aparência
e recuperamos parte desses registos na altura própria.
A nossa capacidade para imaginar eventuais acontecimentos
também depende da aprendizagem e da recordação,
e é o fundamento do raciocínio e da navegação imaginária do futuro e,
de uma forma mais geral, da criação de soluções inovadoras para um problema.
Para entendermos como tudo isto acontece temos de desvendar no cérebro os segredos
do "certo modo" e localizar o "algures".
Esse é um dos problemas mais complexos da neurologia contemporânea.
(…)
Aquilo que normalmente nos referimos como sendo a memória de um objecto
é a memória composta das actividades sensoriais e motoras com a interacção
entre o organismo e o objecto durante um certo período de tempo.
A gama de actividades sensório-motoras varia com o valor do objecto e com as circunstâncias,
o mesmo sucedendo com o registo dessas actividades.
As nossas memórias de determinados objectos são regidas pelo conhecimento passado de objectos comparáveis ou de situações semelhantes àquela que estamos a viver.
As nossas recordações são afectadas por preconceitos, na verdadeira acepção do termo, dada a nossa história passada e as nossas crenças.
A memória inteiramente fidedigna é um mito,
apenas aplicável a objectos triviais.
A noção de que o cérebro retém seja o que for como uma "memória isolada do objecto" não parece sustentável.
O cérebro retém uma memória daquilo que aconteceu durante a interacção,
e a interacção inclui de forma relevante o nosso próprio passado, e muitas vezes o passado da nossa espécie biológica e da nossa cultura.
O facto de apreendermos por interactividade, e não por recepção passiva, é o segredo do
"efeito proustiano" na memória, a razão pela qual muitas vezes recordamos contextos e não apenas coisas isoladas.
in: António Damásio, O Livro da Consciência, p. 169 a 171.
05 novembro 2012
Cogumelos | Homenagem à minha Avó
1. Azeite e cebola cortada às rodelas
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