Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

05 agosto 2015

Gaivota | Richard Bach

Fernão passava os dias sozinho, a experimentar, fazendo centenas de voos rasos.
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Cuidadoso como era, esforçando-se até ao limite, perdia o controle a alta velocidade.
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Caiu outra vez no mesmo erro terrível, e, a cento e trinta quilómetros horários, foi como se tivesse sido atingido por dinamite.
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As suas asas eram barras de chumbo despedaçado, mas o peso do fracasso era-lhe mais doloroso. Desejou, debilmente, que o peso fosse suficiente para o arrastar docemente até ao fundo, e acabar de uma vez.
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O lugar de uma gaivota à noite é a costa, e a partir desse momento prometeu a si mesmo ser uma gaivota normal. Assim, todos ficariam felizes.
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No entanto, não sentia remorsos de por não ter cumprido as promessas que fizera a si próprio.

in: Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach, Publicações Europa-América, Lisboa, 2001