Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

30 agosto 2011

Alberto Carneiro | O Corpo e a Terra



" Dificilmente o que habita perto da origem abandona o lugar."

«Entre o meu corpo e a terra houve uma identidade profunda.
A floresta e a montanha com quem trabalho num tronco de árvore ou numa pedra fazem parte integrante no meu ser.»

in: M. Freitas, Alberto Carneiro, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1991

29 agosto 2011

Escultura Africana | Povo Tchokwe



Desenhos e fotografia de um banco Quioco com 23,8 cm de altura, 16,3 cm de largura e 43,9 cm de comprimento. A escultura africana na sua simplicidade.
Os Quiocos atribuem o nome de Tchituamo tcha tchiki a um banco pequenino e redondo, que é feito de um único tronco de madeira.
Trata-se de uma peça do quotidiano do povo Tchokwe.

in: Ana Paula Gaspar, Escultura Angolana através de objectos do quotidiano do povo Tchokwe, suas características morfológicas e tipológicas, (Dissertação de Licenciatura em Artes Decorativas), ESAD & Fundação Ricardo Espírito Santo Silva, Lisboa, 1998 (Vol. I, p. 63)

27 agosto 2011

Jorge dos Reis | Tipografia



"Saber ver o desenho de uma letra e de um alfabeto passa por saber ouvi-lo."
«À minha casa na Serra da Estrela chegam continuamente sons de sinos vários, variadamente repercutidos, de significados diversos, de dia e de noite, através da neblina e com sol. São sinais de vida nas aldeias e na própria cadeia montanhosa. Convites ao trabalho, à meditação, avisos. "E a vida continua na sofrida e serena necessidade do equilíbrio do interior profundo" como diz Kafka.
Todo esse contexto de sons é foneticamente paralelo às palavras.
Elas próprias surgem mentalmente e rapidamente desaparecem de forma intuitiva. É o próprio tempo que provoca esse desaparecimento: Tempus Edax Rerum - o tempo é o destruidor de todas as coisas.
Na esfera destas palavras existem os caracteres. São formas abstractas com a sua devida atracção peculiar e mítica.
A letra no contexto da palavra, pela sua carga poética e poder de comunicação e ao mesmo tempo com a possibilidade de confundir e enganar, sempre foi para mim uma fonte de paixão e puro fascínio. (…)
A letra é em si um decifrar de códigos que perpassam a linguagem. Um alfabeto é uma exaltação harmónica plena, um estudo de execução transcendente.»

in: Jorge dos Reis, Das Letras que Moram nas Palavras, B.N., Lisboa, 2001

26 agosto 2011

Jochen Lempert | Fotografia


Artista alemão, nasceu em Moers em 1958.
Licenciou-se em Biologia e de onde ficariam indeléveis trabalhos de registo fotográfico excepcional. Este distingue-se, desde logo, pela escolha do assunto: a vida animal, que o artista investiga com um olhar informado e uma curiosidade insaciável, nas suas diferentes formas e nos mais diversos contextos (do habitat natural ao museu de história natural, do jardim zoológico ao meio urbano), mas também nas suas manifestações e representações na vida quotidiana e na cultura material. A este interesse pela vida animal como assunto alia-se uma exploração das propriedades e da materialidade da imagem fotográfica.
Jochen Lempert fotografa com uma câmara de 35 mm e a preto e branco, escolhe deliberadamente papéis que não se conformam aos padrões profissionais e tira partido, de forma prodigiosa, do processo de revelação.
O seu trabalho define uma posição artística solitária, discretamente construída sem qualquer concessão às tendências e aos cânones dominantes na fotografia contemporânea.

Curadoria · Curator: Miguel Wandschneider
in: www.culturgest.pt/actual/lempert.html

25 agosto 2011

Félix González Torres | Amantes Perfeitos (1987-1990)


Artista que nasceu em Cuba em 1957 e faleceu em Miami (EUA) em 1996.
A sua instalação "Amantes Perfeitos" tem o significado de dois corações que batem em sintonia (tal como acontecia nas suas relações amorosas).
A sua força e determinação levou-o a ultrapassar as fronteiras inicialmente dificultadas pela sua homosexualidade.
As suas intervenções artísticas contribuíram para a arte contemporânea através de um despertar dos sentidos no observador, bem como para um percurso pessoal do artista provocando emoções e sensações que espelham o quotidiano e as vivências da sociedade.

Ver: www.moma.org/

23 agosto 2011

Anish Kapoor (n. 1954, Bombaim) | Drip & Drop (2008)



O Artista indiano Anish Kapoor, tenta combinar nas suas obras o espiritual com as forças da natureza, resultando uma composição escultórica entre a poesia e o estado natural das coisas.
As suas esculturas envolvem o observador através dos seus sentidos e despertam o desejo de tocar, e de sentir a cor e a textura das suas obras, criando um efeito de poder sensitivo.
Os seus trabalhos mostram uma reflexão oriunda da filosofia, da mitologia, e da vida na Índia.
Mantendo uma expressão espiritual e filosófica, o Artista confere às suas criações uma sensualidade que se caracteriza pela forma extravagante e forte através do pigmento e da cor acentuada, as esculturas ganham um carácter de Totens.

in: www.anishkapoor.com
ver: www.youtube.com/watch?v=umVSGErfg8E

22 agosto 2011

Hannah Hoch | Arranjada para Sair - 1936


É uma Artista Alemã (1889 - 1978).
"Tal como em algumas das suas colagens, também o acesso ao seu atelier, não era fácil, mas antes um emaranhado e cheio de surpresas. (…) Uma porta estreita dava passagem, pela varanda, subindo os degraus, para se entrar no atelier, dominado por uma enorme e velha mesa de trabalho, cujo tampo nunca vi senão coberto de montanhas de material de trabalho. Ali empilhava-se o material que servia a "colagista" de fotomontadora: papeis brancos e pretos, papeis de cor de várias espessuras e dimensões, recortes díspares de revistas, catálogos e prospectos, caixas de cartão cheias de jornais, velhas caixas de charutos com achados ao lado de frascos de cola, lupas, pesos, molhos de pincéis, lápis de cores e réguas."

in: Gotz Adriani, Colagens Hannah Hoch 1889-1978, F. Serralves, Porto, 1990, p. 85.

10 agosto 2011

Robert Mangold (n. 1937) | Pintor Americano


A Pintura como objecto.
A tentativa de transformar a pintura num objecto através de uma redução radical da forma e da expurgação do toque pessoal, deixando apenas uma superfície opaca tão lisa quanto um espelho, adquire uma forma extrema nas obras perfeitamente executadas de Robert Mangold.

09 agosto 2011

Pintar significa registar e organizar sensações de cor | Cézanne (1839 - 1906) | Intervenção de Andy Goldsworthy

«Ao pintar, é preciso que os olhos e o cérebro se auxiliem mutuamente. Devemos trabalhar no seu aperfeiçoamento recíproco pelo desenvolvimento lógico das impressões de cor. Então os quadros seriam construções perante a Natureza. - Tudo na Natureza se modela como esferas, cones cilindros. Devemos aprender a pintar baseados nestas formas simples e só depois seremos capazes de fazer tudo quanto quisermos.
Não se deve separar o desenho da cor. Fazê-lo é como se você quisesse pensar sem palavras, mas apenas com algarismos e sinais.
Mostre-me alguma coisa que seja só desenho na Natureza. Não há linhas, não há modelação, há apenas contrastes. Não são, porém, contrastes de preto e branco, mas sim movimentos de cor.
O artista deve precaver-se contra a tendência para a literatura, que tantas vezes é motivo para que o pintor se afaste do seu verdadeiro caminho. (…)
Para o pintor, só as cores são verdadeiras. Antes de mais, um quadro não representa nada, nem deve começar por representar coisa alguma senão cores. História, Psicologia, tudo isso está no entanto lá, porque os pintores não são nenhuns idiotas.
Há uma lógica das cores, que diabo, o pintor deve obedecer-lhe e nao à lógica cerebral!
Quando ele se perde com esta última está perdido. É com os olhos que deve perder-se.
A pintura é uma óptica e a essência da nossa arte reside sobretudo naquilo que os nossos olhos pensam.»


in: Sensação e construção; entrevistas a Cézanne.

06 agosto 2011

Palavras de Cézanne | Obra de Andy Goldsworthy

«O aroma azul e amargo dos pinheiros ao sol deve conjugar-se com o cheiro verde dos prados e o hálito dos rochedos do longínquo mármore dos montes de Sainte-Victoire.
É preciso traduzir isto, mas só por cores, sem literatura. A arte, julgo eu, põe-nos num estado de graça, por meio do qual encontramos por toda a parte a emoção, como nas cores.
Um dia virá, em que uma simples cenoura, que um pintor viu com olhos de pintor, pode originar uma revolução.
-

Uma paisagem (no século XIX, antes de Delacroix) era feita como que ordenada e composta a partir de fora. Não se sabia que a Natureza está mais no fundo do que à superfície. A superfície pode mudar-se, adornar-se, arranjar-se, mas as profundezas não se podem tocar assim tão facilmente.
As cores são a expressão dessas profundezas à superfície, crescem das raízes do mundo. (…)
A suavidade do nosso ambiente encontra-se com a suavidade do nosso espírito. As cores são o local de encontro do nosso intelecto com o universo.»

03 agosto 2011

O Artista

«O artista é apenas um orgão de recepção, um aparelho registador das impressões sensoriais; complicado, mas bom. - É um disco sensível, mas um 'disco' que passou por muitos banhos no estado de sensibilidade, por estudos, meditações, dores, alegrias. A vida preparou-o. - Mas quando ele (o artista como consciência subjectiva) intervém, quando o desgraçado se imiscui voluntariamente no processo de transmissão, só introduz nele a sua insignificância e a obra torna-se inferior.»

in: À conversa com Cézanne 'alarga as mãos de dedos estendidos, aproxima-os uns dos outros devagar, une-os, entrelaça-os convulsivamente); A arte é uma harmonia que existe paralela à Natureza, Walter Hess, p. 36.

01 agosto 2011

Vicent Van Gogh


«…pois Van Gogh vê directamente em toda a Natureza expressões do destino humano e uma corrente impetuosa de energias vitais.
As cores emancipadas pelo Impressionismo tornam-se para ele elementos imediatos, tornam-se mesmo uns demónios de força violenta que 'estão ligados ao sentimento como a música ao estímulo'. Porém, ele não quer ser um 'músico de cores', mas exprimir a realidade das coisas.»

Círculo de Cores | Johannes Itten (1961)


«De Cézanne, a pintura moderna aproveitou o puro valor da cor e a ideia da realização; dos neo-impressionistas, o valor de beleza puro da cor e a ideia da grande harmonia. Ainda mais puro que nos impressionistas, o quadro deve ser totalmente feito como de luz colorida. (…)
A sombra, junto de uma cor forte, colora-se com a sua complementar, que os nossos olhos nela produzem. Isto baseia-se numa lei fundamental físico-fisiológica. A luz incolor pode ser decomposta através de um prisma nas cores do espectro solar - vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e violeta (arco-íris). Estas cores fundamentais dispõem-se segundo um círculo de cores.
Cada uma das cores secundárias (laranja, verde e violeta) é a transição ou a mistura entre as duas cores primárias que lhe são adjacentes. Cada cor primária dentro do círculo, forma um par de cores complementares com a cor secundária que lhe fica em frente, isto é, ambas as cores se completam em luz incolor ao misturar-se opticamente, mas, lado a lado, aumentam mutuamente a sua intensidade (vermelho-verde, amarelo-violeta, azul-laranja). (…)
Van Gogh confessa igualmente - ainda antes do seu contacto com o Impressionismo - que as ideias de Delacroix lhe deram um conhecimento decisivo do puro valor expressivo da cor.»

in: Walter Hess, Documentos para a compreensão da Pintura Moderna, p. 27