Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

09 agosto 2011

Pintar significa registar e organizar sensações de cor | Cézanne (1839 - 1906) | Intervenção de Andy Goldsworthy

«Ao pintar, é preciso que os olhos e o cérebro se auxiliem mutuamente. Devemos trabalhar no seu aperfeiçoamento recíproco pelo desenvolvimento lógico das impressões de cor. Então os quadros seriam construções perante a Natureza. - Tudo na Natureza se modela como esferas, cones cilindros. Devemos aprender a pintar baseados nestas formas simples e só depois seremos capazes de fazer tudo quanto quisermos.
Não se deve separar o desenho da cor. Fazê-lo é como se você quisesse pensar sem palavras, mas apenas com algarismos e sinais.
Mostre-me alguma coisa que seja só desenho na Natureza. Não há linhas, não há modelação, há apenas contrastes. Não são, porém, contrastes de preto e branco, mas sim movimentos de cor.
O artista deve precaver-se contra a tendência para a literatura, que tantas vezes é motivo para que o pintor se afaste do seu verdadeiro caminho. (…)
Para o pintor, só as cores são verdadeiras. Antes de mais, um quadro não representa nada, nem deve começar por representar coisa alguma senão cores. História, Psicologia, tudo isso está no entanto lá, porque os pintores não são nenhuns idiotas.
Há uma lógica das cores, que diabo, o pintor deve obedecer-lhe e nao à lógica cerebral!
Quando ele se perde com esta última está perdido. É com os olhos que deve perder-se.
A pintura é uma óptica e a essência da nossa arte reside sobretudo naquilo que os nossos olhos pensam.»


in: Sensação e construção; entrevistas a Cézanne.