Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

01 março 2019

Escritos sobre Arte | Paul Klee

Cada personalidade, que dispõe da sua própria forma de expressão, tem aqui o seu valor. Só os fracos, aqueles que em lugar de procurarem em si próprios, procuram naquilo que já existe, devem desistir. A modernidade é um alívio da individualidade, num novo domínio até as repetições se transformarem em novas formas do eu. Neste campo não se pode falar de fraqueza quando muitos se juntam num lugar, porque aí cada um é elevado a transformar-se num eu com marcas próprias.
(...)
Teríamos de dar aulas nos feriados, fora das instalações escolares. Ao ar livre, debaixo das árvores, perto dos animais, junto dos rios ou em rochedos no mar.
(...)
Na base está a necessidade de expressão.
Escrita e imagem, isto é, escrever e dar forma, constituem uma unidade na sua raiz.


(...)
Dimensão claro-escuro: na dimensão "em cima - em baixo" situa-se o conceito de iluminação, no extremo superior, a luz do Sol, no extremo inferior, o conceito de Noite.
A natureza dá-nos uma infinidade de sugestões cromáticas: o mundo das plantas, o reino animal, a minerologia, a composição a que se chama paisagem, tudo isto nos dá motivo para pensar e sermos gratos a cada instante.
(...)
A beleza, que talvez não deva ser separada da arte, não se refere ao objecto, mas sim à representação criadora. É assim, e não de outra forma, que a arte supera o feio, sem o evitar.

in: Escritos sobre Arte, de Paul Klee,Edições Cotovia, Lisboa, 2001