Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

18 dezembro 2018

Jordan Peterson | Regras para a Vida

(…)
O que interessava não era saber como era o mundo, ao contrário dos cientistas, mas sim a forma como os seres humanos se deveriam comportar.
(…)
Estudei história, mitologia, neurociências, psicanálise, psicologia infantil, poesia, e grandes partes da Biblia. Li, e talvez tenha percebido alguma coisa, o Paraíso Perdido, de Milton, o Fausto de Goethe, e o Inferno de Dante.
(…)
Sem valores, não há sentido. Porém, entre sistemas de valores existe a possibilidade de conflito. Por isso, ficamos eternamente presos entre a espada mais reluzente e a mais dura das paredes.
(…)
As emoções positivas que experimentamos tem a ver com os nossos objectivos. Só somos tecnicamente felizes, se sentirmos que estamos a progredir, e esta simples ideia implica valor.
(…)
Cada um de nós tem de assumir toda a responsabilidade que conseguir pela sua vida pessoal e também pela sociedade e pelo mundo. Cada um de nós deve dizer a verdade, consertar o que precisa de conserto e desmantelar e recriar o que é velho e ultrapassado. (…) Simplesmente faço o melhor que posso.
(…)
Que a alma do individuo deseja eternamente o heroísmo do Ser genuíno, e que estar disposto a assumir essa responsabilidade é o mesmo que viver uma vida com sentido.
(…)
A parte do nosso cérebro que verifica a nossa posição na hierarquia da dominância é, dessa forma, excepcionalmente antiga e fundamental. É a matriz do sistema de controle, modulando as nossas percepções, valores, emoções, pensamentos e acções. Afecta poderosamente cada aspecto do nosso ser, de forma consciente e inconsciente. E é por isso que quando derrotados reagimos como as lagostas que perderam uma luta. A nossa postura murcha. Baixamos os olhos para o chão. Sentimo-nos ameaçados, magoados, ansiosos e fracos. Se as não melhorarem, ficamos deprimidos. Sob essas condições não podemos lutar como a vida exige, tornamo-nos alvos fáceis dos acossadores de carapaça dura.
(…)
Consideremos a serotonina, o químico, que regula a postura e a fuga da lagosta. As lagostas no fundo da hierarquia produzem menos serotonina. (…) Nos lugares cimeiros da hierarquia produzem níveis elevados de serotonina.
(…)
Existe uma calculadora fundamental e impossível de descrever que monitoriza a nossa posição exacta na sociedade. (…) O fundo da hierarquia da dominância é um lugar terrível e perigoso.
(…)
Quando o remédio causa a doença, estabelece-se um ciclo de retorno positivo.
(…)
Evoluímos ao longo de milhares de anos em circunstâncias sociais intensas. Isso significa que os elementos mais relevantes do nosso ambiente de origem eram personalidades, em vez de coisas, objectos ou situações.
(…)
As mulheres fazem com que os homens tenham uma desconfortável consciência de si mesmos desde o início dos Tempos. Primariamente, fazem isso quando os rejeitam - mas também o fazem quando os humilham, quando os homens não assumem a responsabilidade dos seus actos. Faz sentido, porque as mulheres carregam o fardo primário da reprodução. É difícil ver as coisas de outra maneira. Mas a capacidade das mulheres para humilharem os homens e fazer com que tenham uma consciência desconfortável de si mesmos, ainda é uma força primordial da Natureza.
(…)
Como é que eu sei que o seu sofrimento não é uma maneira de fazer com que sacrifique os meus recursos em seu favor, de forma a que possa, pelo menos momentaneamente, adiar o inevitável.
(…)
A gratidão é muito útil. Também é uma boa protecção contra os perigos da vitimização e ressentimento.
(…)
Que a nossa força seja a lei da justiça, pois o fraco é reconhecidamente inútil.
(…)
A narrativa biblica do Paraíso e da Queda é uma dessas histórias fabricadas pela imaginação colectiva, e que se contruiu ao longo de séculos.
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Deus sentado lá no alto, a seguir todos os nossos movimentos e a escrever, para referência futura, um grande livro. Aqui está uma ideia simbólica e produtiva: o futuro é um pai crítico.
(…)
"Nenhuma árvore pode crescer até ao céu." Acrescenta o sempre assustador C.G.Jung, "A menos que as raízes cheguem ao inferno."
(…)
O cristianismo tornou explícito uma alegação surpreendente: mesmo a pessoa mais humilde tem direitos, direitos genuínos.
(…)
É isso que acontece com os problemas resolvidos. Depois de implementada a solução, até mesmo o facto de que tais problemas terem existido acaba por desaparecer.
(…)
Nietzsche acreditava que Paulo, e mais tarde os protestantes que se seguiram a Lutero, tinham removido a responsabilidade moral dos seguidores de Cristo. Tinham anulado a imitação de Cristo!
(…)
Para Nietzsche e Dostoievsky, a liberdade - até mesmo a capacidade para agir - exige restrições. (…) Precisamos de descobrir essa Natureza e de lutar com ela, antes que possamos fazer as pazes connosco.
(…)
Se não puder manifestar com o seu comportamento aquilo que o ambiente exige, simplesmente morrerá.
(…)

in: 12 Regras para a Vida, um Antídoto para o Caos, de Jordan Peterson, Lua de Papel, Lisboa, 2018.

22 novembro 2018

El Angel DADÁ | Fernando González

Dadaísmo - Um movimento artístico da Primeira Metade do Século XX na Europa.
Contudo, houve uma mulher especial Emmy Ball-Hennings, foi escritora e poetisa, foi musa inspiradora de escritores e artistas do mundo boémio e vanguardista alemão, sobretudo na cidade de Berlim e Munique. Tempos conturbados, em especial no campo das artes, da literatura, e política.
Em 1916, cria juntamente com Hugo Ball o Movimento Dadaísta e o Cabaré Voltaire em Zurique, no qual actuou enquanto cantora e dançarina, encantando audiências com a sua forte presença.
Esta obra publicada, cuja vida serviu o mote da narrativa, a partir desta figura feminina, tão intempestiva enquanto criativa e de um radical modo de vivência num período de transformações culturais e de contexto histórico europeu.



in: El Angel Dadá, Venturas e Desventuras de Emmy Ball-Hennings, creadora del Cabaret Voltaire, de Fernando González Vina & José Lázaro, El Paseo, 2018.

15 outubro 2018

Tonio Kroger | Thomas Mann

Aquele que ama mais fica sempre em situação de inferioridade e tem de sofrer.
(…)
Mas assim que um terceiro entrava em cena, envergonhava-se e sacrificava-o. E ele ficava outra vez sozinho.
(…)
Pois sabia que o amor dá riqueza e vida às pessoas, e que era assim que ansiava por se sentir em vez de moldar em serenidade, algo de completo.
(…)
Mais de uma vez ficava parado com o rosto quente em lugares solitários, aonde a música, o cheiro das flores e o tilintar dos copos só chegaram esbatidos…
(…)
Toni Kroger manteve-se algum tempo diante do altar arrefecido, cheio de espanto e desilusão, por ter descoberto que a fidelidade era impossível no mundo. Depois encolheu os ombros e seguiu o seu caminho.
(…)
Mas, à medida que a sua saúde se debilitava, fortalecia-se a sua veia artística, tornava-se mais selectivo, ponderado, apreciador, fino, irritável perante a banalidade extremamente sensível a questões de cadência e bom gosto.
(…)
Aquele que vive não trabalha e que é necessário estar morto para se ser de facto um criador.
(…)
O talento para o estilo, a forma e a expressão pressupõe precisamente esta fria e selectiva atitude para com o humano, sim, até certo ponto empobrecimento e abandono do humano. Pois o sentimento saudável e forte, e isto é que é certo, não tem gosto nenhum. Um artista está acabado se se torna humano e começa a sentir.
(…)
O sentimento de separação e o facto de não pertencer a parte alguma.
(…)
Com alguma ousadia poderíamos até concluir que é necessário habitar uma qualquer espécie de prisão para nos tornarmos poetas.
(…)
Tudo compreender significaria tudo perdoar? Não sei. Há algum nojo no conhecimento, Lisaveta. O estado em que basta a um indivíduo avistar uma coisa, para se sentir mortalmente enojado.
(…)
O reino da arte aumenta e o da saúde e da inocência diminui na Terra.
(…)
Um amigo humano! Quer acreditar que me faria orgulhoso e feliz, possuir um amigo entre os homens?
Apanho-me secretamente a espiar o auditório de cá para lá, com a pergunta no coração, quem é que veio ali por mim, com quem pode a minha arte facultar-me uma união ideal…

in: Tonio Kroger, de Thomas Mann, D. Quixote, 2016

21 setembro 2018

Memórias de Adriano | Marguerite Yourcenar

A renúncia ao cavalo é um sacrifício ainda mais custoso: uma fera não passa de um adversário, mas um cavalo era um amigo.
(…)
Não desprezo os homens. (…) Sei que são vãos, ignorantes, ávidos, inquietos, capazes de quase tudo para triunfar, para se fazer valer, mesmo aos seus próprios olhos, ou simplesmente para evitar o sofrimento. (…) O nosso grande erro é querer encontrar em cada um, em especial, as virtudes que eles não têm e desinteressarmo-nos de cultivar as que ele possui.
A natureza é opressora, dominadora, intensamente manipuladora.
(…)
Mas uma técnica: queria encontrar a charneira em que a nossa vontade se articula ao destino, onde a disciplina secunda a natureza em vez de a refrear.
(…)
Tinha ido passar alguns meses à Grécia. A política, pelo menos na aparência, não influi em nada nessa viagem. Foi uma excursão de prazer e de estudo: trouxe de lá algumas taças gravadas e livros que dividi com Plotina.
(…)
Ia fazer quarenta anos. Se sucumbice nessa altura não restaria de mim mais que um nome numa série de grandes funcionários e uma inscrição grega em honra do arconte de Atenas. (…) Compreendi que poucos homens se realizam antes de morrer: considerei com mais piedade os seus trabalhos interrompidos.
(…)
Antes que passassem dez dias fui acordado em plena noite pela chegada de um mensageiro: reconheci imediatamente um homem de confiança de Plotina. Trazia-me duas missivas. Uma, oficial, comunicava-me que Trajano, incapaz de suportar o movimento do mar, tinha … uma segunda carta, esta secreta, anunciava-me a sua morte, que Plotina me prometia ocultar durante o máximo tempo possível, dando-me assim a vantagem de ser a primeira pessoa prevenida. Parti imediatamente para Selinunte.
(…)
À noite enormes mosquitos zumbiam em volta das luzes. Tentei demonstrar aos Gregos que não eram sempre eles os mais sábios e aos Judeus que não eram de modo algum os mais puros.
A Paz era o meu fim. (…) É tudo tão complicado nas questões humanas.
(…)
Sou como os nossos escultores: o humano satisfaz-me; nele encontro tudo, até o eterno.
Os meus escultores desorientam-se um pouco com as minhas ideias; os piores caíam aqui e ali na languidez ou na ênfase; todavia, todos participavam mais ou menos no sonho.
(…)
Toda a miséria, toda a brutalidade deviam ser interditas como insultos ao belo corpo da humanidade.
(…)
Em vez de voltar para Roma, decidi consagrar alguns anos às províncias gregas e orientais do império: Atenas tornava-se cada vez mais a minha pátria, o meu centro. Empenhava-me em agradar aos Gregos e também em helenizar-me o mais possível …
(…)
Num mundo onde tudo não é mais que turbilhão de forças, danças de átomos, onde tudo está ao mesmo tempo em cima e em baixo, na periferia e no centro, concebia mal a existência de um globo imóvel, de um ponto fixo que não fosse simultaneamente móvel. Outras vezes, os cálculos da precessão dos equinócios, estabelecidos outrora por Hiparco de Alexandria.
(…)
Deitado de costas, com os olhos bem abertos, abandonando por algumas horas todos os cuidados humanos, entreguei-me, do anoitecer à madrugada, àquele mundo de chama e de cristal. Foi a mais bela das minhas viagens. O grande astro da constelação da Lira, estrela polar dos homens que hão de viver dezenas de milhares de anos depois de nós termos deixado de existir, resplandecia por cima da minha cabeça. (…)

in: Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, Livros RTP, Lisboa, 2017

11 julho 2018

Velho Sol | Paulo Brighenti



Num poema de Emily Dickinson intitulado I died for Beauty - but was scarce dois mortos encontram-se lado a lado e perguntam-se porque falharam. Um responde: "Eu morri pela beleza" e o outro "eu morri pela verdade". Deram as mãos e esperaram que o musgo lhes tapasse a boca. Este poema serve de inspiração à nova série de trabalhos de Paulo Brighenti apresentada na exposição 'Velho Sol'.
Falam da condição de ser artista, de criar. De viver entre a necessidade de beleza e de verdade. Uma preocupação que vem de um pintor mas que facilmente pode ser transportada para o universo do teatro. Vive-se num limiar entre mundos, numa encenação constante, e é exatamente nessa fronteira que o pulsar criativo emerge (ou morre). Como um Velho Sol que nunca se cansa de subir ao palco, de iluminar, de se iluminar para se escurecer de seguida, e assim até ao fim do tempo.
É também da luz que trata a obra de Paulo Brighenti. De trazer à luz o que estava escondido. Uma procura incessante por algo que está para além da superfície de uma tela, de uma folha de papel, ou de uma placa de gesso através de um explorar dos limites não só do material, mas do próprio médium que trabalha.

in: Velho Sol, de Paulo Brighenti, Casa da Cerca, Almada, Julho de 2018

03 junho 2018

Sigmund Freud | A minha Vida deu um Livro

(…)
Identificar com homens que tiveram duas mães: Édipo, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo e Moisés (…)
Freud viu os seus talentos serem promovidos, como costumam fazer os pais ambiciosos … enquanto favorito declarado usufruindo de todos os privilégios …
Freud foi mais investigador que estudante, um médico incrédulo e empírico, que após uma breve passagem pela filosofia se desviou …  e dedicou-se primeiro à área da zoologia.
Com 26 anos Freud era pobre e estava apaixonado - uma situação insustentável … não houve outra alternativa de que senão uma actividade prática clínica - e especialização em neuropatologia …
(…)
O poder da sexualidade …
Quando formulou o conceito da sublimação dos instintos, ele pode recorrer a esta experiência de vida real. Por fim, o motivo de não procurar tanto o prazer próprio, mas antes "evitar a falta de prazer" é um autêntico leitmotiv de toda a obra freudiana.
(…)
Por muito paradoxal que possa parecer, a "loucura" genial de Flieb, os seus caprichos científicos e as suas especulações infundadas (em que Freud se perdeu, constituíram o solo fértil para a criatividade freudiana e para a sua capacidade de diluir a barreira da censura entre as camadas mais próximas do instinto e das emoções da pré-consciência e da consciência, e permitir assim as introspecções e conhecimentos que estão habitualmente sujeitos à repressão, e permanecem inconscientes. flieb foi não somente o catalisador do processo criativo de Freud, mas também do que este designou como "autoanálise", considerada até aos dias de hoje como a hora do nascimento da psicanálise.
(…)
Em 1900 morreu Nietzsche, cuja filosofia de um surgimento planetário do niilismo e de uma reavaliação de todos os valores já se tinham tornado um evento europeu.
(…)
Apesar disto, Freud queria e tinha de prosseguir o seu voo de falcão.
(…)
Obteu em 1885 o doutoramento …
O conceito de sublimação dos instintos … analisou em si próprio os efeitos antidepressivos da cocaína (…)
O filósofo Michel Foucault …
A universidade permaneceu um amor infeliz na sua vida.
(…)
A histeria não era muito levada a sério …
Despertar a memória do processo que estava na origem, estimulando a emoção …
(…)
A teoria do porco-espinho de Schopenhauer …
Prémio Goethe …
Escreveu a Einstein …
Em 1908, o primeiro congresso Internacional de Psicanálise.
(…)
O narcisismo de uma pessoa exerce uma grande atracção sobre os outros que têm consciência de toda a dimensão do seu próprio narcisismo e que cortejam em busca do amor objetal.
(…)
Desvanecia-se a sua pequena esperança de lhe vir a ser atribuído o prémio Nobel da Psicologia
ou da Medicina.
Freud nutrio ainda esta esperança durante mais de dez anos …
Escassos anos mais tarde reconheceria o inevitável: "Fui definitivamente preterido pelo Nobel". E seria mesmo.
(…)
Entre os feitos que não se podem menosprezar na vida de Freud está o facto de a Editora International Psychoanalytischer Verlag, fundada em 1919, se ter revelado um empreendimento bastante bem sucedido permitindo a Freud tomar nas próprias mãos o destino da publicação dos seus escritos. Com o tempo Freud provaria ser um editor apaixonado e competente …
Freud admitiu ser "um rato de biblioteca" e os livros terem sido "a primeira paixão da minha vida" …
É de notar a honestidade e a dimensão humana com que Freud admite uma fraqueza humana em si.  
(…)

in: Sigmund Freud, de Hans-Martin Lohmann, Barcelona, Expresso, 2011

13 maio 2018

Desdobráveis | Em Exposição …


Um desdobrável é um objecto de comunicação, e tem como objectivo despertar o receptor para a multidimensionalidade através de um estímulo visual.
Um objecto de comunicação visa proporcionar a um indivíduo um prolongamento da memória através da visualização do layout e dos seus conteúdos informativos.
Deste modo apresentam-se alguns dos projectos desenvolvidos no âmbito dos conteúdos do primeiro ano do curso de Design de Comunicação.
A partir de um núcleo de informação específica, encontram-se um formato, uma escala, uma forma, uma dobra que permita a multidimensionalidade, uma harmonia cromática, a legibilidade, a grelha de orientação visual, a tipografia, a paleta de cores, um grafismo e toda a estrutura para uma composição visual planeada e orientada para um receptor da mensagem.





in: Projectos do 1º Ano do curso de Design de Comunicação, com Orientação de Ana Gaspar, ESTG/IPP, Portalegre, 11 de Abril a 11 de Maio 2018

17 abril 2018

As 4 Estações


A passagem do Tempo é uma das maravilhas da Natureza, apenas temos uma noção temporal através desta passagem lenta e harmoniosa. Conseguimos observar as diferenças em tons, transformadas em matéria.
No Outono tudo morre, cai. Castanho, Vermelho e a Terra a receber toneladas de matéria orgânica em queda livre.
No Inverno tudo adormecido, envolvência. Preto, Branco e a Terra a acolher a matéria orgânica em putrefação.
Na primavera tudo acorda, desperta. Verde, Amarelo e a Terra a lançar para fora o resultado da sua transformação escondida aos nossos olhos humanos.
No Verão tudo cresce, amadurece. Laranja, Vermelho e a Terra a aquecer toda a matéria e dar-lhe o resultado nos frutos saborosos e coloridos.
E…
O ciclo repete-se interminavelmente …

Desde criança que assisto a estas mudanças, desde as que observo na Natureza, como aquelas que sinto no meu corpo e na minha sensibilidade feminina.
Hoje, ao fim de várias leituras de autores, cuja importância maior foi o seu contributo para o meu amadurecimento, enquanto Mulher, revejo-me no resultado deste conjunto de "4 Estações".

A obra é constituída por 4 desenhos do Sol, uma homenagem a este ponto de luz no céu, cuja importância é significativa na Vida na Terra à milhões de anos de Luz.
Tratam-se de 4 manchas de cor que resultaram de uma linha contínua a partir de um centro óptico, um desenho a pastel de óleo.
O Preto é o Inverno, o Vermelho é o Outono, o Laranja é o Verão, e o Amarelo é a Primavera.



in: 4 Estações, de Ana Paula Gaspar, Exposição na ESTG, Portalegre, 21 Fevereiro a 11 Abril de 2018

03 abril 2018

A Vida Humana | Miséria

Biblioterapia: Curar-se, lendo todas as obras de Filosofia.
(…)
Êxtase no acto da cópula, É isso! É essa a verdadeira essência e cerne de tudo, a meta e a finalidade de toda a existência.
(…)
A Vida é uma coisa miserável. Decidi passar a vida a pensar nisso.
(…)
Schopenhauer considerava que era essa a condição humana universal: desejar, saciar-se, entediar-se e desejar outra vez.
(…)
Schopenhauer apreciava as técnicas de meditação orientais e o destaque que estas dão à libertação da mente, de ver através da ilusão e aliviar o sofrimento aprendendo a arte do desapego. Aliás foi ele quem trouxe o pensamento oriental para a filosofia do Ocidente.
(…)
… Quantos mais amigos se tem, mais pesada fica a vida e mais sofre a pessoa quando os perde. Schopenhauer e o budismo dizem que não devemos apegar-nos a nada e …
(…)
É interessante que, além da vida real, o homem tem sempre uma segunda vida abstracta em que, com calma deliberação, o que antes o deixava nervoso e irritado parece frio, sem graça e distante: ele é mero espectador e observador.
(…)
As grandes dores fazem com que as menores mal se sintam e, na falta das grandes, até o menor desgosto nos atormenta.
(…)
A Flor respondeu: - Tolo! Imaginas que abro as minhas pétalas para que as vejam? Eu desabrocho para mim própria porque isso me agrada, e não para agradar aos outros. A minha alegria consiste no meu ser  e no meu desabrochar.
(…)
A filosofia é uma estrada isolada numa grande montanha (…) e quanto mais subimos, mais isolados ficamos. Quem a percorre não a deve temer, mas deixar tudo para trás e abrir caminho, confiante, na neve do Inverno. (…) Em breve vê o mundo lá em baixo, as suas praias e pântanos desaparecerem de vista, os seus pontos desiguais aplanam-se, os seus sons estridentes já não lhe chegam aos ouvidos. E a sua redondeza surge ao caminhante, que recebe sempre o ar fresco e puro da montanha e desfruta do sol quando tudo, lá em baixo, está mergulhado na escuridão da noite.
(…)
Num frio dia de Inverno, alguns porco-espinhos juntaram-se para se aquecerem com o calor dos seus corpos, para não enregelarem. Mas depressa viram que se estavam a picar e afastaram-se. Quando de novo ficaram com frio e se juntaram, repetiu-se a necessidade de se manterem separados até descobrirem a distância adequada a que se podiam tolerar. Assim é na sociedade, onde o vazio e a monotonia fazem com que os homens se aproximem, mas os seus múltiplos defeitos, desagradáveis e repelentes, fazem com que se afastem.
(…)
Schopenhauer lamenta qualquer hora desperdiçada no convívio ou em conversa com os outros. Diz: 'É melhor não dizer nada do que ter um diálogo estéril e parvo em conversas com bípedes.' Lamenta também ter procurado a vida inteira 'um verdadeiro ser humano mas encontrado apenas miseráveis canalhas, de inteligência limitada, mau coração e espírito mesquinho'. Numa nota autobiográfica, afirma: ' Quase todos os contratos com os homens são uma contaminação, uma violação. Chegámos a um mundo habitado por uma classe de criaturas lastimáveis à qual não pertencemos. Devemos estimar e honrar os poucos que são melhores, nascemos para instruir os restantes, não para nos associarmos a eles.'
(…)
A primeira regra para não ser um brinquedo nas mãos de qualquer velhaco, nem ridicularizado por qualquer imbecil, é manter-se reservado e distante.
(…)
Quando tinha trinta anos, estava cansado e aborrecido por ter de considerar iguais a mim pessoas que nada tinham que ver comigo.
(…)
Poucas coisas deixam as pessoas tão satisfeitas como ouvir algum problema ou constatar alguma fraqueza em ti.
(…)
A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos.
(…)
Os escritos e ideias deixados em livro por homens como eu são o meu maior prazer na vida. Sem livros, teria desesperado há muito tempo.
(…)
Quando nasce um homem como eu, só pode desejar uma coisa: que consiga ser sempre ele mesmo e viver para os seus dons intelectuais.
(…)
Ao chegar ao fim da vida, nenhum homem sincero e na posse das suas faculdades vai desejar voltar a viver. Preferirá morrer para sempre.
(…)
Consigo suportar a ideia de que, poucas horas depois de morrer, os vermes comerão o meu corpo, mas estremeço ao imaginar professores a criticar a minha filosofia.
(…)
in: A Cura de Schopenhauer, de Irvin D. Yalom, Saída de Emergência, 2016

09 março 2018

Albert Einstein | A Pessoa …


É um jovem inteligente, Einstein, muito inteligente. Mas, tem um grande defeito - não admite que lhe digam nada!
(…)
Ninguém é profeta na sua Terra.
(…)
Vivo a minha paixão com muita alegria e êxito. (…) Sou muito próximo dos meus alunos e espero conseguir estimular alguns.
(…)
Fui efectivamente alvo de alguns sentimentos de ódio. Mas, nunca me atingiram, pois vinham de um outro mundo, com o qual em nada me identifico.
(…)
Ele nunca foi um homem de seguir normas. O seu isolamento fazia-se notar em tudo. 
(…)
O seu forte não era lidar com pessoas.
(…)
Einstein considerava a curiosidade a fonte da criação. Esta surgiria em todas as crianças saudáveis e expressar-se-ia como um 'interesse afectuoso por um objecto ou uma necessidade de verdade e compreensão. Seria a característica psicológica mais forte, sem a qual Einstein não teria conseguido criar a sua obra. Esta curiosidade seria induzida pelo espanto, pela admiração, pelo minari que já Platão descrevia apaixonadamente. O espanto estaria no 'berço de toda a ciência e arte'. (…) Quando se esgota a curiosidade, uma pessoa, está, por assim dizer 'morta'.
(…)
Qualquer forma de pressão, qualquer tipo de violência impede o desenvolvimento do Eu, impede a curiosidade, o pensamento autónomo, a autoconfiança, a franqueza, todo o 'estilo de vida saudável'. A liberdade seria o terreno fértil onde tudo o que fosse criativo pudesse germinar. 
(…)

in: Albert Einstein, de Johannes Wickert, Barcelona, 2011

10 janeiro 2018

Um Olhar, Um Sentir


Já não sei em que sou especialista…
Arte
Pensamento
Filosofia
Natureza

Os seres humanos já não me atraem
Apenas as árvores
Algumas peças artísticas
O Sol
A Lua

O único encanto é olhar um céu estrelado à noite
O voo dos pássaros
E a música

Sou apenas uma forma incerta a passar por um corpo efémero…