Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

28 dezembro 2011

Dança e postura do corpo | Neurónios

Neurónios-espelhos no córtex pré-frontal ou nas áreas parietais (e provavelmente noutras) tratam das representações partilhadas - as imagens mentais que nos acodem ao espírito quando falamos com alguém a respeito de qualquer coisa que é familiar a ambos. Outros neurónios envolvidos no movimento activam-se quando nos limitamos a observar as acções de uma pessoa - incluindo a intrincada dança de gestos e de posturas corporais que fazem parte da conversa.

Células do opérculo parietal direito que codificam dados de retorno cinéticos e sensoriais começam a funcionar quando orquestramos os nossos próprios movimentos em resposta ao nosso interlocutor.

Quando se trata de ler e responder às mensagens emocionais de um tom de voz, activam-se os circuitos que ligam a ínsula e o córtex pré-motor ao sistema límbico, especialmente a amígdala. À medida que a conversa prossegue, ligações directas da amígdala ao tronco cerebral controlam as nossas respostas autonómicas, acelerando o ritmo cardíaco caso as coisas aconteçam.

in: Daniel Goleman, Inteligência Social, Círculo de Leitores, Lisboa, 2010, p. 469.

23 dezembro 2011

Kandinsky | Composições: Arte e Música



O pintor Wassily Kandinsky, nasceu em 1866 em Moscovo, foi para a Bauhaus (Alemanha), e faleceu em 1944 em Paris.
"O Fim da Ilusão" deu origem ao conceito de Expressionismo Abstracto, termo usado por Kandinsky em 1929.
Segundo o artista a pintura é uma provocação de emoções e de sensações cromáticas complexas.
Kandinsky com a sua obra esperava fazer vibrar harmoniosamente o espírito do observador e de modo algum perturbá-lo através da disturção.
Aos olhos do artista, emoções como o Amor, não tinham lugar na arte.
Ele tencionava fazer vibrar a Alma humana (o transcendal e o metafísico na esfera da pura espiritualidade).

18 dezembro 2011

Embrulho | Presente



Na China, o embrulho de um objecto sempre foi feito obedecendo a uma regra imutável que não tem em conta a forma do objecto a ser embrulhado. O papel, ou qualquer outra matéria, é colocado diante da pessoa de forma a coincidir com os quatro pontos cardeais, uma ponta para cima, uma para baixo e as outras duas, uma para cada lado, para a direita e para a esquerda; o objecto, que se encontra, teoricamente, no centro, representa o quinto ponto tão caro aos Chineses: torna-se o centro do mundo, o objecto de uma atenção quase sagrada. Este procedimento não exige qualquer tipo de cordel para segurar o embrulho: desta forma, jamais se desfaz. Porém, o objecto assim embrulhado adquire, sobretudo, o valor de um pequeno universo, centro de cuidados, de atenção e de intenção.
Sabe-se que esta arte de embrulhar continua a ser, no Japão, uma forma observada por todos, com um cuidado extremo. Os nossos embrulhos de presentes de Natal nada são comparados com a mais simples embalagem japonesa. Isto porque, segundo a meditação de Jean Barthes, o objecto, como que escondido sob uma multiplicidade de invólucros por todo o lado papel, tecido, madeira, etc., acaba por não ter qualquer importância; dir-se-ia, em linguagem corrente, que ele tem apenas um valor simbólico; seria mais justo dizer que a embalagem, que materializa o gesto do presente, se torna, em última instancia, um pensamento (BARS, 60) por detrás do qual o significado, isto é, o conteúdo do embrulho se aproxima do vazio. O conteúdo simbólico – e, portanto, o verdadeiro conjunto de significados oculto por destras da aparência exterior do embrulho – é descoberto ou lido na própria embalagem à medida que é desatado, desdobrado, despido.
Ver: Jean Chevalier & Alain Cheerbrant, Dicionário dos Símbolos, Teorema, Lisboa, 1994, p. 283.

17 dezembro 2011

Conhecimento Visual | Semir Zeki


Evolução do Pensamento Criativo

"O conhecimento visual não é apenas o que se adquire ou expressa pela linguagem. Há um conhecimento visual.
Kant na 'Crítica do Julgamento' explorou a maneira como a arte está relacionada ao sentimento de prazer e bem estar.
A arte é um subproduto da principal função evolutiva do cérebro, que é a aquisição de conhecimento.
O sistema de prazer está profundamente ligado à evolução, mas não se deve achar que se vai encontrar uma ligação directa e óbvia entre os dois, pois muito frequentemente são subprodutos.

O prazer estético - o corpo e a mente em equilíbrio. As áreas activadas no cérebro são o córtex motor, responsável pelo movimento. Quando vemos algo que consideramos feio, ele é activado com mais intensidade, como se quiséssemos fugir. Quando vemos algo bonito, a intensidade é menor, mas também está presente.

in: Semir Zeki, Splendors and Miseries of the Brain, London, 2010

Emotional Design | Donald Norman


A reacção e o comportamento ao Objecto


O prazer de conceber, usar e guardar objectos levam-nos a um conceito: Design Emocional.
Aproxima-mo-nos do mundo das emoções e das relações  afectivas entre os indivíduos e os seus objectos.
É neste contexto do cérebro emocional e dos seus mecanismos que entramos no conhecimento dos processos de cognição, visualização e identificação ou identidade.

"No mundo do design nós associamos emoções e beleza!
Criamos coisas atractivas que as pessoas não têm no seu dia-a-dia, nós gostamos de coisas bonitas, porque elas nos fazem sentir bem. As emoções reflectem então experiências pessoais, associações e memórias."

in: Donald Norman, Emotional Design, Basic Books, New York, 2004

16 dezembro 2011

Durante o Rio




ÁGUA 

Origem da Vida, Nascimento, Reprodução, Fêmea, Óvulo
Ciclo da Vida - desde o nascimento à morte
O Círculo - a Terra, o Óvulo, o Oceano
O Artista - a expressão visual, a imaginação, a comunicação
A Arte - junta a ciência à representação visual

Ver: www.cristinataide.com

14 dezembro 2011

Dos «Poemas Inconjuntos»


Se eu morrer novo, oiçam isto:
Nunca fui senão uma criança que brincava.
Fui gentio como o sol e a água,
De uma religião universal que só os homens não têm.
Fui feliz porque não pedi coisa nenhuma,
Nem procurei achar nada,
Nem achei que houvesse mais explicação
Que a palavra explicação não ter sentido nenhum.
(…)
Uma vez amei, julguei que me amariam,
Mas não fui amado.
Não fui amado pela única grande razão -
Porque não tinha que ser.

Consolei-me voltando ao sol e à chuva,
E sentando-me outra vez à porta de casa.
Os campos, afinal, não são tão verdes para os que são amados
Como para os que o não são.
Sentir é estar distraído.
(…)
Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.

Ver: Fernando Pessoa, Ficções do Interlúdio, in: Dos «Poemas Inconjuntos» (1913-1915), pp. 231 a 242.
  

11 dezembro 2011

Malevich | Cruz



Um Mundo Sem Objectos.
O Suprematismo é a inexistência de fronteira entre o mundo sensível e o mundo metafísico.

O Quadrado é a forma pura e abstracta que consegue conter todas as formas geométricas. O Preto absorve todas as cores. O Branco reflecte todas as cores.

O Negro é o momento em que Tudo é criado! A partir do Zero. O Branco é o infinito.

A Cruz é um dos Símbolos mais antigos desde a mais alta Antiguidade: Egipto, China, Creta … Como o Quadrado a Cruz simboliza a Terra. A Cruz dirigida para os Quatro pontos cardeais, é em primeiro lugar, a base de todos os símbolos de orientação, nos diversos níveis de existência do homem.

10 dezembro 2011

A Tudo Quanto Existe Me Hei-de Unir | Poema


Em todos os jardins hei-de florir,
Em todos beberei a lua cheia,
Quando enfim no meu eu possuir
Todas as praias onde o mar ondeia.

Um dia serei eu o mar e a areia,
A tudo quanto existe me hei-de unir,
E o meu sangue arrasta em cada veia
Esse abraço que um dia se há-de abrir.

Então receberei no meu desejo
Todo o fogo que habita na floresta
Conhecido por mim como um beijo.

Então serei o ritmo das paisagens,
A secreta abundância dessa festa
Que eu via prometida nas imagens.

in: Em Todos os Jardins, Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen

07 dezembro 2011

Dan Flavin | Luz



A despersonalização do fazer artístico por recurso à produção industrial - factura fabril, amíude serial, em substituição da intervenção directa do artista na feitura da obra -
A autoria de referencialidade dos materiais - valência pelas propriedades físicas -
E a implicação do espectador numa receção mais activa da obra - são directrizes atribuíveis à arte dita minimal -