Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

09 agosto 2012

África Negra | Mali


Conta-se que um viajante sedento, cansado (a um quilómetro atrás o seu camelo morrera), olhando o horizonte distante acreditou estar a ver uma cidade atravessada por canais cujas águas corriam lentamente; mas estava a ver o Saara.
Porém, um árabe, antigo condutor de caravanas, que também atravessava o deserto, desiludiu o viajante ao dizer-lhe que não eram canais o que os seus olhos viam, mas somente sulcos infinitos e inacabados, que aumentavam como línguas de fogo sobre as areias quentes do Saara e, que nesse instante estavam na blad al atach (em Árabe quer dizer terra de sede) e, para chegar a esses canais era necessário seguir na direcção do "meio-dia" até encontrar Tombuctu, a capital do deserto no Sudão francês (actual Mali).
No dia seguinte o viajante chegou a Tombuctu e, pode ver aquilo que anteriormente fora uma ilusão de óptica provocada pela sede. Isto é, viu os canais, os verdadeiros canais que a atravessavam, com as águas que correm lentamente ou desaparecem absorvidos pelo insuportável calor, que se ergue na atmosfera. Um desses canais que permite a navegação foi construído pelo Imperador Mohammed Askia, porém, em seguida, foi devorado pelas areias levadas pelos ventos persistentes e implacáveis.
in: África Negra, de Maria Paula da Costa (Filosofia) e Susana Marta Pinheiro (História), Uma Contribuição para o Conhecimento Histórico e Geográfico de África, p. 125.

06 agosto 2012

Salman Rushdie | Nasci na cidade de Bombaim…


«Era uma vez uma mãe que para ser mãe tinha aceitado mudar de nome; que aceitara a tarefa de amar o marido fragmento a fragmento, mas que nunca foi capaz de amar uma parte, curiosamente aquela parte que tornou possível a sua maternidade; que coxeava por causa dos calos dos pés e que carregava dolorosamente aos ombros o peso dos pecados do mundo; cujo órgão pouco amado do marido nunca recuperou das consequências dum congelamento; e que, tal como o marido, acabou por sucumbir aos mistérios do telefone, gastando longos minutos a ouvir os que se enganavam no número … 
Os sofrimentos que se passam em nome da virtude! As pancadas e os rombos que se apanham! Respirar, com os dentes cerrados, a atmosfera da mala e o cheiro da borracha! E o medo constante de se poder ser descoberto … »

in: Os Filhos da Meia Noite, de Salman Rushdie, Publicações Dom Quixote, p. 203

Orelha | Anish Kapoor



O simbolismo mais importante da orelha é aquele que se relaciona com o mito de Vaishvanara como Inteligência Cósmica: as orelhas correspondem às direcções do espaço, o que é muito interessante, se nos lembrarmos do papel que a ciência contemporânea atribui aos canais semicirculares.
Em África, a orelha simboliza sempre a animalidade. Para os Dogons e Bambaras do Mali, a orelha é um duplo símbolo sexual: sendo o pavilhão o pénis, e o conduto auditivo, uma vagina. O que se explica pela analogia entre a palavra e o esperma, ambos homólogos da água fecundante, concebida pela divindade suprema. A palavra do homem, dizem os Dogons, é tão indispensável à fecundação da mulher como o seu líquido seminal. A palavra masculina desce pela orelha, tal como o esperma desce pela vagina, para se enrolar em espiral em torno do útero e fecundá-lo.

in: Dicionário dos Símbolos, de Jean Chevalier & Alain Gheerbrant
[A Fotografia é de Ana Paula Gaspar, a obra de arte é de Anish Kapoor, artista indiano, a peça encontra-se no Centro Cultural de Belém, em Lisboa]

02 agosto 2012

Deepak Chopra | 7 Leis Espirituais

I | A Lei da Potencialidade Pura
O nosso verdadeiro Eu é potencialidade pura, aliamo-nos ao poder que manifesta tudo no Universo.

II | A Lei da Dádiva
O Universo opera através da troca dinâmica … dar e receber constituem diferentes aspectos do fluxo de energia do Universo.

III | A Lei do Karma ou da Causa - Efeito
Toda a acção gera uma força de energia que nos é devolvida na mesma espécie … aquilo que semeamos é aquilo que colhemos.

IV | A Lei do menor esforço
A inteligência da natureza funciona com um mínimo de esforço … com despreocupação, harmonia e Amor.

V | A Lei da intenção e do Desejo
Todas as intenções e desejos contêm a sua própria possibilidade de realização. A intenção e o desejo possuem um poder organizador infinito.

VI | A Lei do Desprendimento
A libertação do passado, do conhecido, da prisão da circunstância do passado.

VII | A Lei do "Dharma" ou da Finalidade da Vida
Todas as pessoas possuem uma finalidade na vida … uma dádiva singular, ou um talento especial para oferecer aos outros.

in: As Sete Leis Espirituais do Sucesso, de Deepak Chopra, Editorial Presença