Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

13 julho 2012

Michel Onfray | A Potência de Existir

Um sistema hedonista.
Sugiro amiúde esta máxima de Chamfort, por ela funcionar como imperativo categórico hedonista: desfruta e faz desfrutar, sem fazeres mal a ti ou a alguém: eis toda a moral.
Está tudo dito nesta máxima: fruição de si, é certo, mas também e sobretudo fruição de outrem, porque sem ela nenhuma ética é possível ou pensável, pois só o estatuto do outro a define como tal. Sem outro - como no Marquês de Sade - , nenhuma moral é possível… No terreno consequencialista, a densidade desta máxima de Chamfort comporta desenvolvimentos infinitos.

A máquina celibatária.
A minha definição do celibatário não coincide com a habitual acepção do estado civil. A meu ver, o celibatário não vive necessariamente sozinho, sem companheiro ou companheira, sem marido ou mulher, sem esposo regular. Na verdade, o celibatário define aquele que, ainda que comprometido numa história dita amorosa, conserva as prerrogativas e o uso da sua liberdade. Esta figura aprecia a sua independência e deleita-se com a sua soberana autonomia. O contrato no qual se instala não tem um prazo indeterminado, mas determinado, possivelmente renovável, é certo, mas não de uma forma obrigatória.

in: Michel Onfray, A Potência de Existir, Editora Campo da Comunicação, pp. 77/125.