Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

10 julho 2012

Nietzsche | Arte e Estética

A palavra Dionísio significa mais para Nietsche, de acordo com interpretação de Muller-Lauter. Para ele, a experiência dionisíaca deve permitir respirar na "mais monstruosa paixão e altitude".
Um tal exercício requer uma saúde peculiar que, para além de perigosas escaladas, possibilite a aventura de percorrer os limites da alma.

"A saúde pertence a quem tem sede na alma de percorrer com sua vida todo o horizonte dos valores e de quanto foi desejado até hoje, quem tem sede de circum-navegar as costas deste ideal 'mediterrâneo'. (NIETZSCHE, 1882:280)
A experiência dionisíaca propõe a intensificação da vida em condições extremas.
A "inesgotabilidade do fundo dionisíaco do mundo" (FINK, 1983:20) permite que o fenómeno da arte seja colocado no centro, a partir dele se torna possível decifrar o mundo.

Na confrontação entre o homem científico e o homem artístico proposta por Nietzsche, Fink observa que o homem artístico é o tipo superior em comparação com o lógico e o cientista (1983:35). Para o homem artístico o questionamento e destruição dos velhos limites impostos pela dureza dos conceitos pode ser uma resposta criadora da intuição. Nesse sentido, a criança como metáfora de inocência e esquecimento nega um certo tipo de tradição do conhecimento, que se constrói a partir de uma criteriosa memorização e ordenação de saberes.
Nietzsche considera que para ser artista, também é necessário esquecer, ignorar! (1882:14).

O esquecimento como hábito elegante é capaz de inaugurar novas impressões, compreensões. Ao mesmo tempo, tal hábito enfurece os mais velhos e os eruditos, que passam a ser entendidos como perspectivas, e podem até ser ignorados.

Nietzsche engenha uma estilização da vida, onde gestos, palavras, pensamentos e todo o entorno, criado por cada um, sejam a representação mais perfeita de si, onde a beleza está associada ao estilo - forma única e original de ser.
"O estilo deve provar que o sujeito acredita em seus pensamentos, e que não apenas os pensa, mas sente." (Nietzsche, 1884:60)

A existência como projecto estético, para além de qualquer sentido, valoriza a dimensão artística da vida, onde o belo é um eterno vir a ser.

in: Nietzsche, arte e estética: uma interpretação do belo, por Marisa Forghieri, Revista de Filosofia, Edição 08, pp. 32 a 39.