Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

29 abril 2013

Carl Gustav Jung | O Amor


Jung e o Amor
O psiquiatra Carl Jung (1875 - 1961) foi um homem erudito, cientista, estudioso, pesquisador, intelectual criativo. Com grande capacidade para apreender profundamente o psiquismo, partindo das suas experiências e das dos seus pacientes, propôs um modelo de funcionamento mental. Durante alguns anos aproximou-se muito de Sigmund Freud, criador da psicanálise, e manteve com ele correspondência assídua e contactos frequentes, até que os dois protagonizaram uma ruptura que durou até ao fim da vida.
Autor de uma obra vastíssima, são dele, por exemplo, alguns conceitos, como inconsciente colectivo, arquétipo, Self, anima, animus, complexo, sombra e sincronicidade.
Jung desenvolveu também uma tipologia psicológica, concebendo quatro funções da consciência (pensamento, sentimento, intuição e sensação) e duas atitudes (introversão e extroversão), que combinadas duas a duas formam oito tipos. (…) Assim, na medida em que nos aprofundamos no caminho do auto conhecimento, abrimos espaço também para nos percebermos iguais a todas as outras pessoas. Vivemos, portanto, algo paradoxal: sermos iguais e, ao mesmo tempo, absolutamente únicos.
Aqueles que trilham esse caminho sabem que raramente o percurso ocorre sem tensão ou conflito. E não foi diferente com Jung.

As Duas Mulheres
Para ele o Amor ocupava um lugar fundamental. Aos 84 anos, em entrevista aMiguel Serrano, intelectual chileno que viveu na Índia como embaixador de seu país, Jung afirmou: "Nada é possível sem amor, uma vez que somente a pessoa apaixonada põe em jogo toda a sua personalidade e arrisca até mesmo a vida. O amor é a flor mística da alma, o centro, é o si-mesmo. Ninguém entende isso, a não ser alguns poetas, somente eles me compreenderão…"
A fidelidade a seu processo de individuação, o respeito ao que acreditava e à sua essência deram a Jung coragem para viver algo completamente repudiado e fora da tradição religiosa e social do Ocidente: a bigamia. Ele introduziu Toni Wolf em sua vida pessoal e profissional, ao lado de Emma, fazendo questão que ela fosse respeitada como sua segunda mulher. Emma e Toni trabalharam como analistas junguianas, recebendo pacientes e convivendo socialmente.
Jung encontrou nelas companheiras de existência, mantendo os dois relacionamentos até ao fim. E sobreviveu a ambas.

in: Scientific American, in: Revista Mente e Cérebro, Ano XIX, Nº 230, p. 49.