Acho que fui eu que mudei: é a solução mais simples. A mais desagradável também. Mas, enfim, tenho de reconhecer que sou sujeito a estas transformações súbitas. Sucede que só muito raramente penso; assim uma infinidade de pequenas metamorfoses vai-se acumulando em mim sem eu dar por isso, e depois, um belo dia, produz-se uma verdadeira revolução. Foi o que deu à minha vida estes solavancos, este aspeto incoerente.
(…)
Se não me engano, todos os sinais que se vão acumulando são precursores duma nova transformação brutal na minha vida, então tenho medo. Não que a minha vida seja rica, importante ou preciosa. Mas tenho medo do que vai nascer, apoderar-se de mim - e arrastar-me… para onde? Vou ter outra vez de partir, deixar tudo a meio, as minhas pesquisas, o meu livro? Voltarei a acordar daqui a alguns meses, daqui a alguns anos, derreado, desiludido, no meio de novas ruínas? Queria ver claramente o que se passa em mim, antes que seja tarde de mais.
(…)
Eu então vivo sozinho, absolutamente sozinho. Nunca falo a ninguém; não me dão nada, não dou nada a ninguém.
(…)
Dantes - mesmo muito tempo depois de me ter deixado - Anny inspirava os meus pensamentos, como se eu quisesse ser-lhe útil. Agora já não penso em ninguém; nem sequer me ocupo a procurar palavras. Mais ou menos depressa, uma corrente flui dentro de mim, mas não retenho nada, deixo andar. A maior parte das vezes, como não se prendem a palavras, os meus pensamentos ficam em estado de nevoeiro. Desenham formas vagas e engraçadas, depois imergem: e esqueço-me logo deles. … Quando se vive sozinho, deixa de se saber o que seja narrar: a verosimilhança desaparece ao mesmo tempo que os amigos. E os acontecimentos também: deixamo-los afundarem-se veem-se surgir bruscamente pessoas que se põem a falar e se retiram, mergulhamos em histórias sem pés nem cabeça: que execrável testemunha se seria nestes casos!
(…)
Os objetos não deviam impressionar-nos o tato, visto que não vivem. Servimo-nos deles, pomo-los no seu lugar, vivemos no meio deles: são úteis, nada mais. E, a mim, os objetos tocam-me; é insuportável. Tenho medo de entrar em contacto com eles, como se fossem animais vivos.
Agora percebo; lembro-me melhor do que senti, no outro dia, à beira-mar, quando tinha a pedra na mão. Era uma espécie de enjoo adocicado. Que desagradável que era! E a sensação vinha da pedra, tenho a certeza, passava da pedra para as minhas mãos. Sim é isso, é exatamente isso: uma espécie de náusea nas mãos.
(…)
Estou emocionado; sinto o meu corpo como uma máquina de precisão em descanso. Eu, sim, tive verdadeiras aventuras.
(…)
Alguma coisa começa para acabar: a aventura não admite prolongamentos artificiais; só da sua morte lhe vem o sentido. Sem possibilidade de voltar atrás, sou arrastado para essa morte, que talvez seja também a minha. Cada instante só aparece para trazer os que se lhe seguem. Sinto-me ligado a cada um, do fundo do coração: sei que ele é único, insubstituível - e não faria, porém, um gesto para o impedir de voltar ao substituível - e não faria, porém, um gesto para o impedir de voltar ao nada.
(…)
Viver é isto. Mas quando se conta a nossa vida, tudo muda.
(…)
Como pude eu escrever ontem esta frase absurda e pomposa: "estava sozinho, mas caminhava"
(…)
Pessoas que levaram a vida num torpor, meio a dormir; que se casaram precipitadamente, por impaciência, e fizeram filhos por acaso. Encontraram os outros homens nos cafés, nos enterros, nos casamentos.
(…)
É preciso não ter medo.
(…)
Mandar não é um direito da elite, é o seu principal dever.
(…)
O Senhor é demasiado modesto. Para suportar a sua condição, a condição humana, precisa como toda a gente, de muita coragem.
(…)
Uma árvore raspa a Terra por debaixo dos meus pés com uma unha negra … a existência penetra em mim. Não posso dizer que me sinta aliviado, nem contente; pelo contrário estou esmagado. A náusea sou eu.
(…)
A última palavra perde-se na garganta.
(…)
Vou sobrevivendo a mim própria. Sei que nunca mais encontrarei coisa nenhuma nem ninguém que me inspire paixão. Sabes? Pôr-se uma pessoa a amar alguém não é tarefa fácil. É preciso ter energia, uma generosidade. É preciso cegueira… Há um momento, logo ao princípio, em que se tem de saltar por cima dum precipício: quem reflete não salta- E eu sei que nunca mais saltarei.
(…)
É isto, exatamente. Não há aventuras, não há momentos perfeitos.
(…)
Anny está sozinha como eu.
(…)
Mas isso só me interessava se Anny se tivesse entregado de todo o coração. Agora, nenhuma curiosidade me resta … Pequenos clarões de sol à superfície de um mar escuro e frio.
(…)
Tenho um medo pavoroso de voltar à minha solidão.
(…)
Só os safados é que julgam ganhar. Agora vou fazer como a Anny vou sobreviver. Comer, dormir - dormir, comer. Existir lentamente, suavemente, como aquelas árvores, como uma poça de água.
(…)
As cidades só dispõem de um único dia, que volta igualzinho todas as manhãs. Aos domingos é que enfeitam um pouco mais. Que imbecis! Repugna-me pensar que vou voltar a ver-lhes as caras fechadas e aquietadas. Pessoas que legislam, que escrevem romances populistas, que se casam, que cometem a extrema tolice de fazer filhos.
(…)
É da existência que tenho medo.
(…)
Estava a começar a sua aprendizagem de solidão.
(…)
Vou-me embora, sinto-me vago. Não me atrevo a tomar uma decisão. Se tivesse a certeza de ter talento… Mas, nunca - nunca, escrevi nada nesse género...
in: A Náusea, de Jean-Paul Sartre, Porto Editora, 2018
A água do rio continua a correr… O presente espaço é uma partilha de palavras e de imagens, desabafos e expressões com emoção e significado próprio…
10 agosto 2019
19 julho 2019
Quanto Mais Aprendo …
… muito particularmente Epicuro. Quanto mais aprendo sobre este extraordinário pensador ateniense, mais fortemente o reconheço como psicoterapeuta "proto-existencial"…
Muitas pessoas familiarizam-se com o seu nome através da palavra epicurista, que significa uma pessoa devotada aos prazeres, sobretudo aos gastronómicos. Mas, na realidade, Epicuro não era defensor de prazeres sensuais ou refinados, estando mais preocupado em alcançar a tranquilidade (ataraxia).
Epicuro exercia "filosofia médica" e insistia que da mesma maneira que um médico trata o corpo, o filósofo deve cuidar da alma. Na sua opinião, a filosofia tinha um único objectivo: aliviar a miséria humana. E quanto à raiz dessa tragédia? Epicuro acreditava que se devia ao nosso omnipresente medo da morte. A visão assustadora da inevitabilidade da morte, dizia, interfere com a satisfação que retiramos da vida, não deixando prazer algum intocado.
…
As ideias têm poder. O insight de muitos dos grandes pensadores e escritores, ao longo dos séculos, ajuda-nos a domar pensamentos destrutivos associados à morte e a descobrir caminhos importantes à medida que vamos atravessando a nossa existência. …
A ideia da morte inevitável, assustadora para qualquer um de nós, insistia Epicuro, interfere com a capacidade de gozar a vida e não deixa qualquer prazer incólume. Porque nenhuma actividade pode satisfazer a nossa ânsia de vida eterna, todas elas são intrinsecamente incapazes de nos satisfazerem completamente. Escreveu que muitas pessoas vão mesmo criando um ódio à vida até, ironicamente, ao ponto do suicídio; outras envolvem-se freneticamente em actividades sem objectivo, que não têm outro propósito a não ser evitar a dor inerente à condição humana.
Epicuro lidava com esta ânsia sem fim de preenchermos o nosso quotidiano com actividades novas, encorajando-nos a que, em lugar disso, optássemos por guardar e evocar as memórias profundas de experiências positivas. Sugere que, se formos capazes de aprender a recorrer a essa base de dados repetidamente, não teremos então qualquer necessidade de embarcarmos na busca incessante de situações hedonistas.
Diz a lenda que seguiu os seus próprios conselhos e, no leito de morte (de complicações subsequentes a cálculos renais), Epicuro conservou a equidade, apesar das dores terríveis, usando este mesmo exercício, ou seja, recordando as conversas agradáveis com o seu círculo de amigos e estudantes, que lhe haviam dado tanto prazer.
Faz parte do génio deste filósofo ter antecipado a visão contemporânea do inconsciente: enfatizava ele que, na maioria dos casos, as preocupações com a morte não são conscientes mas devem ser inferidas a partir de manifestações secundárias, por exemplo, uma religiosidade excessiva, a necessidade imparável de acumulação de riqueza, a procura cega de poder e privilégios, tudo coisas que oferecem uma versão falsificada de imortalidade.
Se somos mortais e a alma não sobrevive, insistia Epicuro, então nada temos a temer numa vida eterna. Não haverá consciência, nem tão-pouco remorsos pela vida perdida, nada a temer dos deuses.
…
Assumir que cada um de nós é finito e destinado a atravessar o desfiladeiro da infância até à maturidade, seguindo daí para o derradeiro declínio.
…
Uma das frases preferidas de Nietzsche é amor fati (ame o seu destino), ou, por outras palavras, crie um destino que seja capaz de amar.
…
O que somos. Somente o que somos é fundamental. Uma consciência em ordem, diz Schopenhauer, vale muito mais do que uma boa imagem. O nosso objectivo primeiro deveria ser a saúde e a riqueza intelectual, que nos conduz a um manancial sem fim de ideias criativas, a uma vida independente e moral. A equanimidade interior nasce do facto de sabermos que não são as coisas em si que nos perturbam, mas a interpretação que lhe damos.
…
in: De Olhos Fixos no Sol, Ultrapassar o Terror da Morte, de Irvin D. Yalom, Editor Luís Corte Real, Janeiro de 2016
Muitas pessoas familiarizam-se com o seu nome através da palavra epicurista, que significa uma pessoa devotada aos prazeres, sobretudo aos gastronómicos. Mas, na realidade, Epicuro não era defensor de prazeres sensuais ou refinados, estando mais preocupado em alcançar a tranquilidade (ataraxia).
Epicuro exercia "filosofia médica" e insistia que da mesma maneira que um médico trata o corpo, o filósofo deve cuidar da alma. Na sua opinião, a filosofia tinha um único objectivo: aliviar a miséria humana. E quanto à raiz dessa tragédia? Epicuro acreditava que se devia ao nosso omnipresente medo da morte. A visão assustadora da inevitabilidade da morte, dizia, interfere com a satisfação que retiramos da vida, não deixando prazer algum intocado.
…
As ideias têm poder. O insight de muitos dos grandes pensadores e escritores, ao longo dos séculos, ajuda-nos a domar pensamentos destrutivos associados à morte e a descobrir caminhos importantes à medida que vamos atravessando a nossa existência. …
A ideia da morte inevitável, assustadora para qualquer um de nós, insistia Epicuro, interfere com a capacidade de gozar a vida e não deixa qualquer prazer incólume. Porque nenhuma actividade pode satisfazer a nossa ânsia de vida eterna, todas elas são intrinsecamente incapazes de nos satisfazerem completamente. Escreveu que muitas pessoas vão mesmo criando um ódio à vida até, ironicamente, ao ponto do suicídio; outras envolvem-se freneticamente em actividades sem objectivo, que não têm outro propósito a não ser evitar a dor inerente à condição humana.
Epicuro lidava com esta ânsia sem fim de preenchermos o nosso quotidiano com actividades novas, encorajando-nos a que, em lugar disso, optássemos por guardar e evocar as memórias profundas de experiências positivas. Sugere que, se formos capazes de aprender a recorrer a essa base de dados repetidamente, não teremos então qualquer necessidade de embarcarmos na busca incessante de situações hedonistas.
Diz a lenda que seguiu os seus próprios conselhos e, no leito de morte (de complicações subsequentes a cálculos renais), Epicuro conservou a equidade, apesar das dores terríveis, usando este mesmo exercício, ou seja, recordando as conversas agradáveis com o seu círculo de amigos e estudantes, que lhe haviam dado tanto prazer.
Faz parte do génio deste filósofo ter antecipado a visão contemporânea do inconsciente: enfatizava ele que, na maioria dos casos, as preocupações com a morte não são conscientes mas devem ser inferidas a partir de manifestações secundárias, por exemplo, uma religiosidade excessiva, a necessidade imparável de acumulação de riqueza, a procura cega de poder e privilégios, tudo coisas que oferecem uma versão falsificada de imortalidade.
Se somos mortais e a alma não sobrevive, insistia Epicuro, então nada temos a temer numa vida eterna. Não haverá consciência, nem tão-pouco remorsos pela vida perdida, nada a temer dos deuses.
…
Assumir que cada um de nós é finito e destinado a atravessar o desfiladeiro da infância até à maturidade, seguindo daí para o derradeiro declínio.
…
Uma das frases preferidas de Nietzsche é amor fati (ame o seu destino), ou, por outras palavras, crie um destino que seja capaz de amar.
…
O que somos. Somente o que somos é fundamental. Uma consciência em ordem, diz Schopenhauer, vale muito mais do que uma boa imagem. O nosso objectivo primeiro deveria ser a saúde e a riqueza intelectual, que nos conduz a um manancial sem fim de ideias criativas, a uma vida independente e moral. A equanimidade interior nasce do facto de sabermos que não são as coisas em si que nos perturbam, mas a interpretação que lhe damos.
…
in: De Olhos Fixos no Sol, Ultrapassar o Terror da Morte, de Irvin D. Yalom, Editor Luís Corte Real, Janeiro de 2016
01 abril 2019
Poema | Ana Gaspar
Ando pela cidade
Como uma folha de árvore caída
Ando pela cidade como o vento
Que bate numa vidraça
Ando pela cidade
E oiço as conversas frias
E sinto o cheiro dos perfumes
Caros
Observando os fatos
Aprumados e encarrapitados
Ando pela cidade
Como quem anda despida
Ao vento e ao frio
Triste e vazia
Ando pela cidade
Como quem anda sozinho
Pelo mundo
À deriva como o vento.
in: Poema, de Ana Paula Gaspar, escrito ao descer a Avenida da Liberdade, no dia 21 de Março de 2019, em Lisboa
Como uma folha de árvore caída
Ando pela cidade como o vento
Que bate numa vidraça
Ando pela cidade
E oiço as conversas frias
E sinto o cheiro dos perfumes
Caros
Observando os fatos
Aprumados e encarrapitados
Ando pela cidade
Como quem anda despida
Ao vento e ao frio
Triste e vazia
Ando pela cidade
Como quem anda sozinho
Pelo mundo
À deriva como o vento.
in: Poema, de Ana Paula Gaspar, escrito ao descer a Avenida da Liberdade, no dia 21 de Março de 2019, em Lisboa
01 março 2019
Escritos sobre Arte | Paul Klee
Cada personalidade, que dispõe da sua própria forma de expressão, tem aqui o seu valor. Só os fracos, aqueles que em lugar de procurarem em si próprios, procuram naquilo que já existe, devem desistir. A modernidade é um alívio da individualidade, num novo domínio até as repetições se transformarem em novas formas do eu. Neste campo não se pode falar de fraqueza quando muitos se juntam num lugar, porque aí cada um é elevado a transformar-se num eu com marcas próprias.
(...)
Teríamos de dar aulas nos feriados, fora das instalações escolares. Ao ar livre, debaixo das árvores, perto dos animais, junto dos rios ou em rochedos no mar.
(...)
Na base está a necessidade de expressão.
Escrita e imagem, isto é, escrever e dar forma, constituem uma unidade na sua raiz.
(...)
Dimensão claro-escuro: na dimensão "em cima - em baixo" situa-se o conceito de iluminação, no extremo superior, a luz do Sol, no extremo inferior, o conceito de Noite.
A natureza dá-nos uma infinidade de sugestões cromáticas: o mundo das plantas, o reino animal, a minerologia, a composição a que se chama paisagem, tudo isto nos dá motivo para pensar e sermos gratos a cada instante.
(...)
A beleza, que talvez não deva ser separada da arte, não se refere ao objecto, mas sim à representação criadora. É assim, e não de outra forma, que a arte supera o feio, sem o evitar.
in: Escritos sobre Arte, de Paul Klee,Edições Cotovia, Lisboa, 2001
(...)
Teríamos de dar aulas nos feriados, fora das instalações escolares. Ao ar livre, debaixo das árvores, perto dos animais, junto dos rios ou em rochedos no mar.
(...)
Na base está a necessidade de expressão.
Escrita e imagem, isto é, escrever e dar forma, constituem uma unidade na sua raiz.
(...)
Dimensão claro-escuro: na dimensão "em cima - em baixo" situa-se o conceito de iluminação, no extremo superior, a luz do Sol, no extremo inferior, o conceito de Noite.
A natureza dá-nos uma infinidade de sugestões cromáticas: o mundo das plantas, o reino animal, a minerologia, a composição a que se chama paisagem, tudo isto nos dá motivo para pensar e sermos gratos a cada instante.
(...)
A beleza, que talvez não deva ser separada da arte, não se refere ao objecto, mas sim à representação criadora. É assim, e não de outra forma, que a arte supera o feio, sem o evitar.
in: Escritos sobre Arte, de Paul Klee,Edições Cotovia, Lisboa, 2001
21 fevereiro 2019
Corpo de Mulher | Sabedoria …
Ter filhos e lutar para equilibrar o meu trabalho e a minha família mudou coisas que mais nada conseguiria mudar. Em vez de aprender com os livros e professores, estava agora a aprender, por experiência própria, o que as feministas queriam dizer com "o que é pessoal é político". Aprendi que não existe maternidade a meio tempo. Depois de uma mulher ter um bebé, essa criança faz parte dela vinte e quatro horas por dia de uma forma que ninguém pode explicar antes de lhe acontecer. Não estava preparada para a dor que encheu o meu coração quando deixei o meu bebé para ir trabalhar todos os dias. (…)
A consciência cria o corpo. Os nossos corpos são constituídos por sistemas de energia dinâmicos
que são afectados pelas nossas dietas, relações, hereditariedade e cultura, e pela interacção de todos estes factores e actividades. (…)
Os seres humanos são formados por energia e por ela mantidos. Os nossos corpos são campos dinâmicos de energia em permanente mudança, e não estruturas físicas estáticas. São um holograma em que cada parte contém informação sobre o todo. (…)
Apesar de todo o corpo ser afectado pelos pensamentos e emoções, e das suas diversas partes comunicarem entre si, a linguagem do corpo de cada pessoa é única. (…)
Quando ficamos obcecadas, fechamos energia - chi, ki, prana, ou qi - num processo negativo que afasta as células. Os processos celulares vitais tornam-se, assim, vazios. Falta-nos energia em situações em que a nossa raiva ou medo estejam a controlar a nossa parte dos médicos não relaciona o início de uma doença com estas faltas de energia, é interessante ver que já existe alguma investigação clínica a apoiar esta constatação. (…) Quase nunca temos consciência destas fugas de energia. Mas se estas persistem sem serem tratadas, muitas vezes o resultado é o esgotamento físico. (…)
A maioria dos bloqueios nos nossos sistemas de energia são emocionais por natureza. É bom pensar no seu sistema de energia como um rio ou como água a correr. Enquanto esta corrente de energia for saudável e a pessoa se sentir bem consigo mesma, há muito menos risco de contrair uma doença. (…)
As filosofias tradicionais orientais descrevem a interacção profunda entre a energia da Terra e a do corpo humano, bem como a forte ligação entre a energia feminina e a própria força da gravidade natural da Terra. (…)
A força centrípeta de atracção é apenas uma forma de caracterizar a energia feminina. Também temos sete centros específicos de energia nos nossos corpos, chamados chakras. (…)
A vergonha pode ser o resultado da programação social que diz que a mulher é inferior, e pode ser consequência de relações familiares, tais como uma relação pouco saudável com os filhos ou vergonha do estatuto social do seu companheiro. A vergonha relativa à violação, seja física, emocional ou psicológica, afecta a zona da vagina.
A investigação comprova estas disfunções da energia. (…)
Compreender a anatomia da energia é a chave para um verdadeiro tratamento, em vez de um mero disfarce dos nossos sintomas, porque oferece uma visão global e compreensiva de como cada uma de nós colabora na criação de saúde ou doença. (…)
O nosso corpo trata-se melhor quando estamos a viver no presente. (…)
in: Corpo de Mulher, Sabedoria de Mulher, de Christiane Northrup, Editora Sinais de Fogo, Lisboa, 2003
A consciência cria o corpo. Os nossos corpos são constituídos por sistemas de energia dinâmicos
que são afectados pelas nossas dietas, relações, hereditariedade e cultura, e pela interacção de todos estes factores e actividades. (…)
Os seres humanos são formados por energia e por ela mantidos. Os nossos corpos são campos dinâmicos de energia em permanente mudança, e não estruturas físicas estáticas. São um holograma em que cada parte contém informação sobre o todo. (…)
Apesar de todo o corpo ser afectado pelos pensamentos e emoções, e das suas diversas partes comunicarem entre si, a linguagem do corpo de cada pessoa é única. (…)
Quando ficamos obcecadas, fechamos energia - chi, ki, prana, ou qi - num processo negativo que afasta as células. Os processos celulares vitais tornam-se, assim, vazios. Falta-nos energia em situações em que a nossa raiva ou medo estejam a controlar a nossa parte dos médicos não relaciona o início de uma doença com estas faltas de energia, é interessante ver que já existe alguma investigação clínica a apoiar esta constatação. (…) Quase nunca temos consciência destas fugas de energia. Mas se estas persistem sem serem tratadas, muitas vezes o resultado é o esgotamento físico. (…)
A maioria dos bloqueios nos nossos sistemas de energia são emocionais por natureza. É bom pensar no seu sistema de energia como um rio ou como água a correr. Enquanto esta corrente de energia for saudável e a pessoa se sentir bem consigo mesma, há muito menos risco de contrair uma doença. (…)
As filosofias tradicionais orientais descrevem a interacção profunda entre a energia da Terra e a do corpo humano, bem como a forte ligação entre a energia feminina e a própria força da gravidade natural da Terra. (…)
A força centrípeta de atracção é apenas uma forma de caracterizar a energia feminina. Também temos sete centros específicos de energia nos nossos corpos, chamados chakras. (…)
A vergonha pode ser o resultado da programação social que diz que a mulher é inferior, e pode ser consequência de relações familiares, tais como uma relação pouco saudável com os filhos ou vergonha do estatuto social do seu companheiro. A vergonha relativa à violação, seja física, emocional ou psicológica, afecta a zona da vagina.
A investigação comprova estas disfunções da energia. (…)
Compreender a anatomia da energia é a chave para um verdadeiro tratamento, em vez de um mero disfarce dos nossos sintomas, porque oferece uma visão global e compreensiva de como cada uma de nós colabora na criação de saúde ou doença. (…)
O nosso corpo trata-se melhor quando estamos a viver no presente. (…)
in: Corpo de Mulher, Sabedoria de Mulher, de Christiane Northrup, Editora Sinais de Fogo, Lisboa, 2003
13 janeiro 2019
Roger Scruton | Como Ser …
Defendi que a "liberdade é um cavalo muito bom, para cavalgar, mas para cavalgar até algum sítio."
(…)
Decidi abandonar o mundo académico e socorrer-me dos meus próprios recursos para ganhar a vida.
(…)
A confissão e o perdão são os costumes que tornaram a nossa civilização possível.
(…)
… a nossa herança judaico-cristã é viver no mundo da lua. É não ter em conta a cultura que, no decurso dos séculos, se concentrou na prática do arrependimento.
(…)
O medo do escuro, a repugnância pelo incesto, o impulso para nos agarrarmos à mãe - são adaptações mais profundas do que a razão. Outras - a culpa, a vergonha, o amor pela beleza, o sentido de justiça - nascem da própria razão e reflectem a rede de relações interpessoais e de discernimento através das quais nos situamos como sujeitos livres numa comunidade de outros como nós. Em ambos os níveis - o instinto e o pessoal - a capacidade de sacrifício nasce, num caso como um cego afecto, no outro como um sentido de responsabilidade para com os outros e para com um modo de vida moral.
(…)
A sociedade, acreditava Burke, depende de relações de afecto e lealdade, e estas só podem ser construídas a partir da base, pela interacção cara a cara. (…) Quando a sociedade está organizada a partir de cima, seja pelo governo centralizado de uma ditadura revolucionária, seja pelos decretos impessoais de uma burocracia imperscrutável, a responsabilização desaparece rapidamente da ordem política, e também da sociedade. Um governo centralizado gera indivíduos irresponsáveis, e o confisco da sociedade civil pelo Estado conduz a uma recusa generalizada dos cidadãos em agirem por sua conta.
(…)
O conservadorismo é a filosofia do vínculo afectivo. Estamos ligados a coisas que amamos, e desejamos protegê-las da decadência. Mas sabemos que não podem durar para sempre.
in: Como Ser Um Conservador, de Roger Scruton, Guerra & Paz, Lisboa, 2018
(…)
Decidi abandonar o mundo académico e socorrer-me dos meus próprios recursos para ganhar a vida.
(…)
A confissão e o perdão são os costumes que tornaram a nossa civilização possível.
(…)
… a nossa herança judaico-cristã é viver no mundo da lua. É não ter em conta a cultura que, no decurso dos séculos, se concentrou na prática do arrependimento.
(…)
O medo do escuro, a repugnância pelo incesto, o impulso para nos agarrarmos à mãe - são adaptações mais profundas do que a razão. Outras - a culpa, a vergonha, o amor pela beleza, o sentido de justiça - nascem da própria razão e reflectem a rede de relações interpessoais e de discernimento através das quais nos situamos como sujeitos livres numa comunidade de outros como nós. Em ambos os níveis - o instinto e o pessoal - a capacidade de sacrifício nasce, num caso como um cego afecto, no outro como um sentido de responsabilidade para com os outros e para com um modo de vida moral.
(…)
A sociedade, acreditava Burke, depende de relações de afecto e lealdade, e estas só podem ser construídas a partir da base, pela interacção cara a cara. (…) Quando a sociedade está organizada a partir de cima, seja pelo governo centralizado de uma ditadura revolucionária, seja pelos decretos impessoais de uma burocracia imperscrutável, a responsabilização desaparece rapidamente da ordem política, e também da sociedade. Um governo centralizado gera indivíduos irresponsáveis, e o confisco da sociedade civil pelo Estado conduz a uma recusa generalizada dos cidadãos em agirem por sua conta.
(…)
O conservadorismo é a filosofia do vínculo afectivo. Estamos ligados a coisas que amamos, e desejamos protegê-las da decadência. Mas sabemos que não podem durar para sempre.
in: Como Ser Um Conservador, de Roger Scruton, Guerra & Paz, Lisboa, 2018
18 dezembro 2018
Jordan Peterson | Regras para a Vida
(…)
O que interessava não era saber como era o mundo, ao contrário dos cientistas, mas sim a forma como os seres humanos se deveriam comportar.
(…)
Estudei história, mitologia, neurociências, psicanálise, psicologia infantil, poesia, e grandes partes da Biblia. Li, e talvez tenha percebido alguma coisa, o Paraíso Perdido, de Milton, o Fausto de Goethe, e o Inferno de Dante.
(…)
Sem valores, não há sentido. Porém, entre sistemas de valores existe a possibilidade de conflito. Por isso, ficamos eternamente presos entre a espada mais reluzente e a mais dura das paredes.
(…)
As emoções positivas que experimentamos tem a ver com os nossos objectivos. Só somos tecnicamente felizes, se sentirmos que estamos a progredir, e esta simples ideia implica valor.
(…)
Cada um de nós tem de assumir toda a responsabilidade que conseguir pela sua vida pessoal e também pela sociedade e pelo mundo. Cada um de nós deve dizer a verdade, consertar o que precisa de conserto e desmantelar e recriar o que é velho e ultrapassado. (…) Simplesmente faço o melhor que posso.
(…)
Que a alma do individuo deseja eternamente o heroísmo do Ser genuíno, e que estar disposto a assumir essa responsabilidade é o mesmo que viver uma vida com sentido.
(…)
A parte do nosso cérebro que verifica a nossa posição na hierarquia da dominância é, dessa forma, excepcionalmente antiga e fundamental. É a matriz do sistema de controle, modulando as nossas percepções, valores, emoções, pensamentos e acções. Afecta poderosamente cada aspecto do nosso ser, de forma consciente e inconsciente. E é por isso que quando derrotados reagimos como as lagostas que perderam uma luta. A nossa postura murcha. Baixamos os olhos para o chão. Sentimo-nos ameaçados, magoados, ansiosos e fracos. Se as não melhorarem, ficamos deprimidos. Sob essas condições não podemos lutar como a vida exige, tornamo-nos alvos fáceis dos acossadores de carapaça dura.
(…)
Consideremos a serotonina, o químico, que regula a postura e a fuga da lagosta. As lagostas no fundo da hierarquia produzem menos serotonina. (…) Nos lugares cimeiros da hierarquia produzem níveis elevados de serotonina.
(…)
Existe uma calculadora fundamental e impossível de descrever que monitoriza a nossa posição exacta na sociedade. (…) O fundo da hierarquia da dominância é um lugar terrível e perigoso.
(…)
Quando o remédio causa a doença, estabelece-se um ciclo de retorno positivo.
(…)
Evoluímos ao longo de milhares de anos em circunstâncias sociais intensas. Isso significa que os elementos mais relevantes do nosso ambiente de origem eram personalidades, em vez de coisas, objectos ou situações.
(…)
As mulheres fazem com que os homens tenham uma desconfortável consciência de si mesmos desde o início dos Tempos. Primariamente, fazem isso quando os rejeitam - mas também o fazem quando os humilham, quando os homens não assumem a responsabilidade dos seus actos. Faz sentido, porque as mulheres carregam o fardo primário da reprodução. É difícil ver as coisas de outra maneira. Mas a capacidade das mulheres para humilharem os homens e fazer com que tenham uma consciência desconfortável de si mesmos, ainda é uma força primordial da Natureza.
(…)
Como é que eu sei que o seu sofrimento não é uma maneira de fazer com que sacrifique os meus recursos em seu favor, de forma a que possa, pelo menos momentaneamente, adiar o inevitável.
(…)
A gratidão é muito útil. Também é uma boa protecção contra os perigos da vitimização e ressentimento.
(…)
Que a nossa força seja a lei da justiça, pois o fraco é reconhecidamente inútil.
(…)
A narrativa biblica do Paraíso e da Queda é uma dessas histórias fabricadas pela imaginação colectiva, e que se contruiu ao longo de séculos.
(…)
Deus sentado lá no alto, a seguir todos os nossos movimentos e a escrever, para referência futura, um grande livro. Aqui está uma ideia simbólica e produtiva: o futuro é um pai crítico.
(…)
"Nenhuma árvore pode crescer até ao céu." Acrescenta o sempre assustador C.G.Jung, "A menos que as raízes cheguem ao inferno."
(…)
O cristianismo tornou explícito uma alegação surpreendente: mesmo a pessoa mais humilde tem direitos, direitos genuínos.
(…)
É isso que acontece com os problemas resolvidos. Depois de implementada a solução, até mesmo o facto de que tais problemas terem existido acaba por desaparecer.
(…)
Nietzsche acreditava que Paulo, e mais tarde os protestantes que se seguiram a Lutero, tinham removido a responsabilidade moral dos seguidores de Cristo. Tinham anulado a imitação de Cristo!
(…)
Para Nietzsche e Dostoievsky, a liberdade - até mesmo a capacidade para agir - exige restrições. (…) Precisamos de descobrir essa Natureza e de lutar com ela, antes que possamos fazer as pazes connosco.
(…)
Se não puder manifestar com o seu comportamento aquilo que o ambiente exige, simplesmente morrerá.
(…)
in: 12 Regras para a Vida, um Antídoto para o Caos, de Jordan Peterson, Lua de Papel, Lisboa, 2018.
O que interessava não era saber como era o mundo, ao contrário dos cientistas, mas sim a forma como os seres humanos se deveriam comportar.
(…)
Estudei história, mitologia, neurociências, psicanálise, psicologia infantil, poesia, e grandes partes da Biblia. Li, e talvez tenha percebido alguma coisa, o Paraíso Perdido, de Milton, o Fausto de Goethe, e o Inferno de Dante.
(…)
Sem valores, não há sentido. Porém, entre sistemas de valores existe a possibilidade de conflito. Por isso, ficamos eternamente presos entre a espada mais reluzente e a mais dura das paredes.
(…)
As emoções positivas que experimentamos tem a ver com os nossos objectivos. Só somos tecnicamente felizes, se sentirmos que estamos a progredir, e esta simples ideia implica valor.
(…)
Cada um de nós tem de assumir toda a responsabilidade que conseguir pela sua vida pessoal e também pela sociedade e pelo mundo. Cada um de nós deve dizer a verdade, consertar o que precisa de conserto e desmantelar e recriar o que é velho e ultrapassado. (…) Simplesmente faço o melhor que posso.
(…)
Que a alma do individuo deseja eternamente o heroísmo do Ser genuíno, e que estar disposto a assumir essa responsabilidade é o mesmo que viver uma vida com sentido.
(…)
A parte do nosso cérebro que verifica a nossa posição na hierarquia da dominância é, dessa forma, excepcionalmente antiga e fundamental. É a matriz do sistema de controle, modulando as nossas percepções, valores, emoções, pensamentos e acções. Afecta poderosamente cada aspecto do nosso ser, de forma consciente e inconsciente. E é por isso que quando derrotados reagimos como as lagostas que perderam uma luta. A nossa postura murcha. Baixamos os olhos para o chão. Sentimo-nos ameaçados, magoados, ansiosos e fracos. Se as não melhorarem, ficamos deprimidos. Sob essas condições não podemos lutar como a vida exige, tornamo-nos alvos fáceis dos acossadores de carapaça dura.
(…)
Consideremos a serotonina, o químico, que regula a postura e a fuga da lagosta. As lagostas no fundo da hierarquia produzem menos serotonina. (…) Nos lugares cimeiros da hierarquia produzem níveis elevados de serotonina.
(…)
Existe uma calculadora fundamental e impossível de descrever que monitoriza a nossa posição exacta na sociedade. (…) O fundo da hierarquia da dominância é um lugar terrível e perigoso.
(…)
Quando o remédio causa a doença, estabelece-se um ciclo de retorno positivo.
(…)
Evoluímos ao longo de milhares de anos em circunstâncias sociais intensas. Isso significa que os elementos mais relevantes do nosso ambiente de origem eram personalidades, em vez de coisas, objectos ou situações.
(…)
As mulheres fazem com que os homens tenham uma desconfortável consciência de si mesmos desde o início dos Tempos. Primariamente, fazem isso quando os rejeitam - mas também o fazem quando os humilham, quando os homens não assumem a responsabilidade dos seus actos. Faz sentido, porque as mulheres carregam o fardo primário da reprodução. É difícil ver as coisas de outra maneira. Mas a capacidade das mulheres para humilharem os homens e fazer com que tenham uma consciência desconfortável de si mesmos, ainda é uma força primordial da Natureza.
(…)
Como é que eu sei que o seu sofrimento não é uma maneira de fazer com que sacrifique os meus recursos em seu favor, de forma a que possa, pelo menos momentaneamente, adiar o inevitável.
(…)
A gratidão é muito útil. Também é uma boa protecção contra os perigos da vitimização e ressentimento.
(…)
Que a nossa força seja a lei da justiça, pois o fraco é reconhecidamente inútil.
(…)
A narrativa biblica do Paraíso e da Queda é uma dessas histórias fabricadas pela imaginação colectiva, e que se contruiu ao longo de séculos.
(…)
Deus sentado lá no alto, a seguir todos os nossos movimentos e a escrever, para referência futura, um grande livro. Aqui está uma ideia simbólica e produtiva: o futuro é um pai crítico.
(…)
"Nenhuma árvore pode crescer até ao céu." Acrescenta o sempre assustador C.G.Jung, "A menos que as raízes cheguem ao inferno."
(…)
O cristianismo tornou explícito uma alegação surpreendente: mesmo a pessoa mais humilde tem direitos, direitos genuínos.
(…)
É isso que acontece com os problemas resolvidos. Depois de implementada a solução, até mesmo o facto de que tais problemas terem existido acaba por desaparecer.
(…)
Nietzsche acreditava que Paulo, e mais tarde os protestantes que se seguiram a Lutero, tinham removido a responsabilidade moral dos seguidores de Cristo. Tinham anulado a imitação de Cristo!
(…)
Para Nietzsche e Dostoievsky, a liberdade - até mesmo a capacidade para agir - exige restrições. (…) Precisamos de descobrir essa Natureza e de lutar com ela, antes que possamos fazer as pazes connosco.
(…)
Se não puder manifestar com o seu comportamento aquilo que o ambiente exige, simplesmente morrerá.
(…)
in: 12 Regras para a Vida, um Antídoto para o Caos, de Jordan Peterson, Lua de Papel, Lisboa, 2018.
22 novembro 2018
El Angel DADÁ | Fernando González
Dadaísmo - Um movimento artístico da Primeira Metade do Século XX na Europa.
Contudo, houve uma mulher especial Emmy Ball-Hennings, foi escritora e poetisa, foi musa inspiradora de escritores e artistas do mundo boémio e vanguardista alemão, sobretudo na cidade de Berlim e Munique. Tempos conturbados, em especial no campo das artes, da literatura, e política.
Em 1916, cria juntamente com Hugo Ball o Movimento Dadaísta e o Cabaré Voltaire em Zurique, no qual actuou enquanto cantora e dançarina, encantando audiências com a sua forte presença.
Esta obra publicada, cuja vida serviu o mote da narrativa, a partir desta figura feminina, tão intempestiva enquanto criativa e de um radical modo de vivência num período de transformações culturais e de contexto histórico europeu.
in: El Angel Dadá, Venturas e Desventuras de Emmy Ball-Hennings, creadora del Cabaret Voltaire, de Fernando González Vina & José Lázaro, El Paseo, 2018.
Contudo, houve uma mulher especial Emmy Ball-Hennings, foi escritora e poetisa, foi musa inspiradora de escritores e artistas do mundo boémio e vanguardista alemão, sobretudo na cidade de Berlim e Munique. Tempos conturbados, em especial no campo das artes, da literatura, e política.
Em 1916, cria juntamente com Hugo Ball o Movimento Dadaísta e o Cabaré Voltaire em Zurique, no qual actuou enquanto cantora e dançarina, encantando audiências com a sua forte presença.
Esta obra publicada, cuja vida serviu o mote da narrativa, a partir desta figura feminina, tão intempestiva enquanto criativa e de um radical modo de vivência num período de transformações culturais e de contexto histórico europeu.
in: El Angel Dadá, Venturas e Desventuras de Emmy Ball-Hennings, creadora del Cabaret Voltaire, de Fernando González Vina & José Lázaro, El Paseo, 2018.
15 outubro 2018
Tonio Kroger | Thomas Mann
Aquele que ama mais fica sempre em situação de inferioridade e tem de sofrer.
(…)
Mas assim que um terceiro entrava em cena, envergonhava-se e sacrificava-o. E ele ficava outra vez sozinho.
(…)
Pois sabia que o amor dá riqueza e vida às pessoas, e que era assim que ansiava por se sentir em vez de moldar em serenidade, algo de completo.
(…)
Mais de uma vez ficava parado com o rosto quente em lugares solitários, aonde a música, o cheiro das flores e o tilintar dos copos só chegaram esbatidos…
(…)
Toni Kroger manteve-se algum tempo diante do altar arrefecido, cheio de espanto e desilusão, por ter descoberto que a fidelidade era impossível no mundo. Depois encolheu os ombros e seguiu o seu caminho.
(…)
Mas, à medida que a sua saúde se debilitava, fortalecia-se a sua veia artística, tornava-se mais selectivo, ponderado, apreciador, fino, irritável perante a banalidade extremamente sensível a questões de cadência e bom gosto.
(…)
Aquele que vive não trabalha e que é necessário estar morto para se ser de facto um criador.
(…)
O talento para o estilo, a forma e a expressão pressupõe precisamente esta fria e selectiva atitude para com o humano, sim, até certo ponto empobrecimento e abandono do humano. Pois o sentimento saudável e forte, e isto é que é certo, não tem gosto nenhum. Um artista está acabado se se torna humano e começa a sentir.
(…)
O sentimento de separação e o facto de não pertencer a parte alguma.
(…)
Com alguma ousadia poderíamos até concluir que é necessário habitar uma qualquer espécie de prisão para nos tornarmos poetas.
(…)
Tudo compreender significaria tudo perdoar? Não sei. Há algum nojo no conhecimento, Lisaveta. O estado em que basta a um indivíduo avistar uma coisa, para se sentir mortalmente enojado.
(…)
O reino da arte aumenta e o da saúde e da inocência diminui na Terra.
(…)
Um amigo humano! Quer acreditar que me faria orgulhoso e feliz, possuir um amigo entre os homens?
Apanho-me secretamente a espiar o auditório de cá para lá, com a pergunta no coração, quem é que veio ali por mim, com quem pode a minha arte facultar-me uma união ideal…
in: Tonio Kroger, de Thomas Mann, D. Quixote, 2016
(…)
Mas assim que um terceiro entrava em cena, envergonhava-se e sacrificava-o. E ele ficava outra vez sozinho.
(…)
Pois sabia que o amor dá riqueza e vida às pessoas, e que era assim que ansiava por se sentir em vez de moldar em serenidade, algo de completo.
(…)
Mais de uma vez ficava parado com o rosto quente em lugares solitários, aonde a música, o cheiro das flores e o tilintar dos copos só chegaram esbatidos…
(…)
Toni Kroger manteve-se algum tempo diante do altar arrefecido, cheio de espanto e desilusão, por ter descoberto que a fidelidade era impossível no mundo. Depois encolheu os ombros e seguiu o seu caminho.
(…)
Mas, à medida que a sua saúde se debilitava, fortalecia-se a sua veia artística, tornava-se mais selectivo, ponderado, apreciador, fino, irritável perante a banalidade extremamente sensível a questões de cadência e bom gosto.
(…)
Aquele que vive não trabalha e que é necessário estar morto para se ser de facto um criador.
(…)
O talento para o estilo, a forma e a expressão pressupõe precisamente esta fria e selectiva atitude para com o humano, sim, até certo ponto empobrecimento e abandono do humano. Pois o sentimento saudável e forte, e isto é que é certo, não tem gosto nenhum. Um artista está acabado se se torna humano e começa a sentir.
(…)
O sentimento de separação e o facto de não pertencer a parte alguma.
(…)
Com alguma ousadia poderíamos até concluir que é necessário habitar uma qualquer espécie de prisão para nos tornarmos poetas.
(…)
Tudo compreender significaria tudo perdoar? Não sei. Há algum nojo no conhecimento, Lisaveta. O estado em que basta a um indivíduo avistar uma coisa, para se sentir mortalmente enojado.
(…)
O reino da arte aumenta e o da saúde e da inocência diminui na Terra.
(…)
Um amigo humano! Quer acreditar que me faria orgulhoso e feliz, possuir um amigo entre os homens?
Apanho-me secretamente a espiar o auditório de cá para lá, com a pergunta no coração, quem é que veio ali por mim, com quem pode a minha arte facultar-me uma união ideal…
in: Tonio Kroger, de Thomas Mann, D. Quixote, 2016
21 setembro 2018
Memórias de Adriano | Marguerite Yourcenar
A renúncia ao cavalo é um sacrifício ainda mais custoso: uma fera não passa de um adversário, mas um cavalo era um amigo.
(…)
Não desprezo os homens. (…) Sei que são vãos, ignorantes, ávidos, inquietos, capazes de quase tudo para triunfar, para se fazer valer, mesmo aos seus próprios olhos, ou simplesmente para evitar o sofrimento. (…) O nosso grande erro é querer encontrar em cada um, em especial, as virtudes que eles não têm e desinteressarmo-nos de cultivar as que ele possui.
A natureza é opressora, dominadora, intensamente manipuladora.
(…)
Mas uma técnica: queria encontrar a charneira em que a nossa vontade se articula ao destino, onde a disciplina secunda a natureza em vez de a refrear.
(…)
Tinha ido passar alguns meses à Grécia. A política, pelo menos na aparência, não influi em nada nessa viagem. Foi uma excursão de prazer e de estudo: trouxe de lá algumas taças gravadas e livros que dividi com Plotina.
(…)
Ia fazer quarenta anos. Se sucumbice nessa altura não restaria de mim mais que um nome numa série de grandes funcionários e uma inscrição grega em honra do arconte de Atenas. (…) Compreendi que poucos homens se realizam antes de morrer: considerei com mais piedade os seus trabalhos interrompidos.
(…)
Antes que passassem dez dias fui acordado em plena noite pela chegada de um mensageiro: reconheci imediatamente um homem de confiança de Plotina. Trazia-me duas missivas. Uma, oficial, comunicava-me que Trajano, incapaz de suportar o movimento do mar, tinha … uma segunda carta, esta secreta, anunciava-me a sua morte, que Plotina me prometia ocultar durante o máximo tempo possível, dando-me assim a vantagem de ser a primeira pessoa prevenida. Parti imediatamente para Selinunte.
(…)
À noite enormes mosquitos zumbiam em volta das luzes. Tentei demonstrar aos Gregos que não eram sempre eles os mais sábios e aos Judeus que não eram de modo algum os mais puros.
A Paz era o meu fim. (…) É tudo tão complicado nas questões humanas.
(…)
Sou como os nossos escultores: o humano satisfaz-me; nele encontro tudo, até o eterno.
Os meus escultores desorientam-se um pouco com as minhas ideias; os piores caíam aqui e ali na languidez ou na ênfase; todavia, todos participavam mais ou menos no sonho.
(…)
Toda a miséria, toda a brutalidade deviam ser interditas como insultos ao belo corpo da humanidade.
(…)
Em vez de voltar para Roma, decidi consagrar alguns anos às províncias gregas e orientais do império: Atenas tornava-se cada vez mais a minha pátria, o meu centro. Empenhava-me em agradar aos Gregos e também em helenizar-me o mais possível …
(…)
Num mundo onde tudo não é mais que turbilhão de forças, danças de átomos, onde tudo está ao mesmo tempo em cima e em baixo, na periferia e no centro, concebia mal a existência de um globo imóvel, de um ponto fixo que não fosse simultaneamente móvel. Outras vezes, os cálculos da precessão dos equinócios, estabelecidos outrora por Hiparco de Alexandria.
(…)
Deitado de costas, com os olhos bem abertos, abandonando por algumas horas todos os cuidados humanos, entreguei-me, do anoitecer à madrugada, àquele mundo de chama e de cristal. Foi a mais bela das minhas viagens. O grande astro da constelação da Lira, estrela polar dos homens que hão de viver dezenas de milhares de anos depois de nós termos deixado de existir, resplandecia por cima da minha cabeça. (…)
in: Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, Livros RTP, Lisboa, 2017
(…)
Não desprezo os homens. (…) Sei que são vãos, ignorantes, ávidos, inquietos, capazes de quase tudo para triunfar, para se fazer valer, mesmo aos seus próprios olhos, ou simplesmente para evitar o sofrimento. (…) O nosso grande erro é querer encontrar em cada um, em especial, as virtudes que eles não têm e desinteressarmo-nos de cultivar as que ele possui.
A natureza é opressora, dominadora, intensamente manipuladora.
(…)
Mas uma técnica: queria encontrar a charneira em que a nossa vontade se articula ao destino, onde a disciplina secunda a natureza em vez de a refrear.
(…)
Tinha ido passar alguns meses à Grécia. A política, pelo menos na aparência, não influi em nada nessa viagem. Foi uma excursão de prazer e de estudo: trouxe de lá algumas taças gravadas e livros que dividi com Plotina.
(…)
Ia fazer quarenta anos. Se sucumbice nessa altura não restaria de mim mais que um nome numa série de grandes funcionários e uma inscrição grega em honra do arconte de Atenas. (…) Compreendi que poucos homens se realizam antes de morrer: considerei com mais piedade os seus trabalhos interrompidos.
(…)
Antes que passassem dez dias fui acordado em plena noite pela chegada de um mensageiro: reconheci imediatamente um homem de confiança de Plotina. Trazia-me duas missivas. Uma, oficial, comunicava-me que Trajano, incapaz de suportar o movimento do mar, tinha … uma segunda carta, esta secreta, anunciava-me a sua morte, que Plotina me prometia ocultar durante o máximo tempo possível, dando-me assim a vantagem de ser a primeira pessoa prevenida. Parti imediatamente para Selinunte.
(…)
À noite enormes mosquitos zumbiam em volta das luzes. Tentei demonstrar aos Gregos que não eram sempre eles os mais sábios e aos Judeus que não eram de modo algum os mais puros.
A Paz era o meu fim. (…) É tudo tão complicado nas questões humanas.
(…)
Sou como os nossos escultores: o humano satisfaz-me; nele encontro tudo, até o eterno.
Os meus escultores desorientam-se um pouco com as minhas ideias; os piores caíam aqui e ali na languidez ou na ênfase; todavia, todos participavam mais ou menos no sonho.
(…)
Toda a miséria, toda a brutalidade deviam ser interditas como insultos ao belo corpo da humanidade.
(…)
Em vez de voltar para Roma, decidi consagrar alguns anos às províncias gregas e orientais do império: Atenas tornava-se cada vez mais a minha pátria, o meu centro. Empenhava-me em agradar aos Gregos e também em helenizar-me o mais possível …
(…)
Num mundo onde tudo não é mais que turbilhão de forças, danças de átomos, onde tudo está ao mesmo tempo em cima e em baixo, na periferia e no centro, concebia mal a existência de um globo imóvel, de um ponto fixo que não fosse simultaneamente móvel. Outras vezes, os cálculos da precessão dos equinócios, estabelecidos outrora por Hiparco de Alexandria.
(…)
Deitado de costas, com os olhos bem abertos, abandonando por algumas horas todos os cuidados humanos, entreguei-me, do anoitecer à madrugada, àquele mundo de chama e de cristal. Foi a mais bela das minhas viagens. O grande astro da constelação da Lira, estrela polar dos homens que hão de viver dezenas de milhares de anos depois de nós termos deixado de existir, resplandecia por cima da minha cabeça. (…)
in: Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, Livros RTP, Lisboa, 2017
11 julho 2018
Velho Sol | Paulo Brighenti
Num poema de Emily Dickinson intitulado I died for Beauty - but was scarce dois mortos encontram-se lado a lado e perguntam-se porque falharam. Um responde: "Eu morri pela beleza" e o outro "eu morri pela verdade". Deram as mãos e esperaram que o musgo lhes tapasse a boca. Este poema serve de inspiração à nova série de trabalhos de Paulo Brighenti apresentada na exposição 'Velho Sol'.
Falam da condição de ser artista, de criar. De viver entre a necessidade de beleza e de verdade. Uma preocupação que vem de um pintor mas que facilmente pode ser transportada para o universo do teatro. Vive-se num limiar entre mundos, numa encenação constante, e é exatamente nessa fronteira que o pulsar criativo emerge (ou morre). Como um Velho Sol que nunca se cansa de subir ao palco, de iluminar, de se iluminar para se escurecer de seguida, e assim até ao fim do tempo.
É também da luz que trata a obra de Paulo Brighenti. De trazer à luz o que estava escondido. Uma procura incessante por algo que está para além da superfície de uma tela, de uma folha de papel, ou de uma placa de gesso através de um explorar dos limites não só do material, mas do próprio médium que trabalha.
in: Velho Sol, de Paulo Brighenti, Casa da Cerca, Almada, Julho de 2018
03 junho 2018
Sigmund Freud | A minha Vida deu um Livro
(…)
Identificar com homens que tiveram duas mães: Édipo, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo e Moisés (…)
Freud viu os seus talentos serem promovidos, como costumam fazer os pais ambiciosos … enquanto favorito declarado usufruindo de todos os privilégios …
Freud foi mais investigador que estudante, um médico incrédulo e empírico, que após uma breve passagem pela filosofia se desviou … e dedicou-se primeiro à área da zoologia.
Com 26 anos Freud era pobre e estava apaixonado - uma situação insustentável … não houve outra alternativa de que senão uma actividade prática clínica - e especialização em neuropatologia …
(…)
O poder da sexualidade …
Quando formulou o conceito da sublimação dos instintos, ele pode recorrer a esta experiência de vida real. Por fim, o motivo de não procurar tanto o prazer próprio, mas antes "evitar a falta de prazer" é um autêntico leitmotiv de toda a obra freudiana.
(…)
Por muito paradoxal que possa parecer, a "loucura" genial de Flieb, os seus caprichos científicos e as suas especulações infundadas (em que Freud se perdeu, constituíram o solo fértil para a criatividade freudiana e para a sua capacidade de diluir a barreira da censura entre as camadas mais próximas do instinto e das emoções da pré-consciência e da consciência, e permitir assim as introspecções e conhecimentos que estão habitualmente sujeitos à repressão, e permanecem inconscientes. flieb foi não somente o catalisador do processo criativo de Freud, mas também do que este designou como "autoanálise", considerada até aos dias de hoje como a hora do nascimento da psicanálise.
(…)
Em 1900 morreu Nietzsche, cuja filosofia de um surgimento planetário do niilismo e de uma reavaliação de todos os valores já se tinham tornado um evento europeu.
(…)
Apesar disto, Freud queria e tinha de prosseguir o seu voo de falcão.
(…)
Obteu em 1885 o doutoramento …
O conceito de sublimação dos instintos … analisou em si próprio os efeitos antidepressivos da cocaína (…)
O filósofo Michel Foucault …
A universidade permaneceu um amor infeliz na sua vida.
(…)
A histeria não era muito levada a sério …
Despertar a memória do processo que estava na origem, estimulando a emoção …
(…)
A teoria do porco-espinho de Schopenhauer …
Prémio Goethe …
Escreveu a Einstein …
Em 1908, o primeiro congresso Internacional de Psicanálise.
(…)
O narcisismo de uma pessoa exerce uma grande atracção sobre os outros que têm consciência de toda a dimensão do seu próprio narcisismo e que cortejam em busca do amor objetal.
(…)
Desvanecia-se a sua pequena esperança de lhe vir a ser atribuído o prémio Nobel da Psicologia
ou da Medicina.
Freud nutrio ainda esta esperança durante mais de dez anos …
Escassos anos mais tarde reconheceria o inevitável: "Fui definitivamente preterido pelo Nobel". E seria mesmo.
(…)
Entre os feitos que não se podem menosprezar na vida de Freud está o facto de a Editora International Psychoanalytischer Verlag, fundada em 1919, se ter revelado um empreendimento bastante bem sucedido permitindo a Freud tomar nas próprias mãos o destino da publicação dos seus escritos. Com o tempo Freud provaria ser um editor apaixonado e competente …
Freud admitiu ser "um rato de biblioteca" e os livros terem sido "a primeira paixão da minha vida" …
É de notar a honestidade e a dimensão humana com que Freud admite uma fraqueza humana em si.
(…)
in: Sigmund Freud, de Hans-Martin Lohmann, Barcelona, Expresso, 2011
Identificar com homens que tiveram duas mães: Édipo, Leonardo da Vinci, Miguel Ângelo e Moisés (…)
Freud viu os seus talentos serem promovidos, como costumam fazer os pais ambiciosos … enquanto favorito declarado usufruindo de todos os privilégios …
Freud foi mais investigador que estudante, um médico incrédulo e empírico, que após uma breve passagem pela filosofia se desviou … e dedicou-se primeiro à área da zoologia.
Com 26 anos Freud era pobre e estava apaixonado - uma situação insustentável … não houve outra alternativa de que senão uma actividade prática clínica - e especialização em neuropatologia …
(…)
O poder da sexualidade …
Quando formulou o conceito da sublimação dos instintos, ele pode recorrer a esta experiência de vida real. Por fim, o motivo de não procurar tanto o prazer próprio, mas antes "evitar a falta de prazer" é um autêntico leitmotiv de toda a obra freudiana.
(…)
Por muito paradoxal que possa parecer, a "loucura" genial de Flieb, os seus caprichos científicos e as suas especulações infundadas (em que Freud se perdeu, constituíram o solo fértil para a criatividade freudiana e para a sua capacidade de diluir a barreira da censura entre as camadas mais próximas do instinto e das emoções da pré-consciência e da consciência, e permitir assim as introspecções e conhecimentos que estão habitualmente sujeitos à repressão, e permanecem inconscientes. flieb foi não somente o catalisador do processo criativo de Freud, mas também do que este designou como "autoanálise", considerada até aos dias de hoje como a hora do nascimento da psicanálise.
(…)
Em 1900 morreu Nietzsche, cuja filosofia de um surgimento planetário do niilismo e de uma reavaliação de todos os valores já se tinham tornado um evento europeu.
(…)
Apesar disto, Freud queria e tinha de prosseguir o seu voo de falcão.
(…)
Obteu em 1885 o doutoramento …
O conceito de sublimação dos instintos … analisou em si próprio os efeitos antidepressivos da cocaína (…)
O filósofo Michel Foucault …
A universidade permaneceu um amor infeliz na sua vida.
(…)
A histeria não era muito levada a sério …
Despertar a memória do processo que estava na origem, estimulando a emoção …
(…)
A teoria do porco-espinho de Schopenhauer …
Prémio Goethe …
Escreveu a Einstein …
Em 1908, o primeiro congresso Internacional de Psicanálise.
(…)
O narcisismo de uma pessoa exerce uma grande atracção sobre os outros que têm consciência de toda a dimensão do seu próprio narcisismo e que cortejam em busca do amor objetal.
(…)
Desvanecia-se a sua pequena esperança de lhe vir a ser atribuído o prémio Nobel da Psicologia
ou da Medicina.
Freud nutrio ainda esta esperança durante mais de dez anos …
Escassos anos mais tarde reconheceria o inevitável: "Fui definitivamente preterido pelo Nobel". E seria mesmo.
(…)
Entre os feitos que não se podem menosprezar na vida de Freud está o facto de a Editora International Psychoanalytischer Verlag, fundada em 1919, se ter revelado um empreendimento bastante bem sucedido permitindo a Freud tomar nas próprias mãos o destino da publicação dos seus escritos. Com o tempo Freud provaria ser um editor apaixonado e competente …
Freud admitiu ser "um rato de biblioteca" e os livros terem sido "a primeira paixão da minha vida" …
É de notar a honestidade e a dimensão humana com que Freud admite uma fraqueza humana em si.
(…)
in: Sigmund Freud, de Hans-Martin Lohmann, Barcelona, Expresso, 2011
13 maio 2018
Desdobráveis | Em Exposição …
Um desdobrável é um objecto de comunicação, e tem como objectivo despertar o receptor para a multidimensionalidade através de um estímulo visual.
Um objecto de comunicação visa proporcionar a um indivíduo um prolongamento da memória através da visualização do layout e dos seus conteúdos informativos.
Deste modo apresentam-se alguns dos projectos desenvolvidos no âmbito dos conteúdos do primeiro ano do curso de Design de Comunicação.
A partir de um núcleo de informação específica, encontram-se um formato, uma escala, uma forma, uma dobra que permita a multidimensionalidade, uma harmonia cromática, a legibilidade, a grelha de orientação visual, a tipografia, a paleta de cores, um grafismo e toda a estrutura para uma composição visual planeada e orientada para um receptor da mensagem.
in: Projectos do 1º Ano do curso de Design de Comunicação, com Orientação de Ana Gaspar, ESTG/IPP, Portalegre, 11 de Abril a 11 de Maio 2018
17 abril 2018
As 4 Estações
A passagem do Tempo é uma das maravilhas da Natureza, apenas temos uma noção temporal através desta passagem lenta e harmoniosa. Conseguimos observar as diferenças em tons, transformadas em matéria.
No Outono tudo morre, cai. Castanho, Vermelho e a Terra a receber toneladas de matéria orgânica em queda livre.
No Inverno tudo adormecido, envolvência. Preto, Branco e a Terra a acolher a matéria orgânica em putrefação.
Na primavera tudo acorda, desperta. Verde, Amarelo e a Terra a lançar para fora o resultado da sua transformação escondida aos nossos olhos humanos.
No Verão tudo cresce, amadurece. Laranja, Vermelho e a Terra a aquecer toda a matéria e dar-lhe o resultado nos frutos saborosos e coloridos.
E…
O ciclo repete-se interminavelmente …
Desde criança que assisto a estas mudanças, desde as que observo na Natureza, como aquelas que sinto no meu corpo e na minha sensibilidade feminina.
Hoje, ao fim de várias leituras de autores, cuja importância maior foi o seu contributo para o meu amadurecimento, enquanto Mulher, revejo-me no resultado deste conjunto de "4 Estações".
A obra é constituída por 4 desenhos do Sol, uma homenagem a este ponto de luz no céu, cuja importância é significativa na Vida na Terra à milhões de anos de Luz.
Tratam-se de 4 manchas de cor que resultaram de uma linha contínua a partir de um centro óptico, um desenho a pastel de óleo.
O Preto é o Inverno, o Vermelho é o Outono, o Laranja é o Verão, e o Amarelo é a Primavera.
in: 4 Estações, de Ana Paula Gaspar, Exposição na ESTG, Portalegre, 21 Fevereiro a 11 Abril de 2018
03 abril 2018
A Vida Humana | Miséria
Biblioterapia: Curar-se, lendo todas as obras de Filosofia.
(…)
Êxtase no acto da cópula, É isso! É essa a verdadeira essência e cerne de tudo, a meta e a finalidade de toda a existência.
(…)
A Vida é uma coisa miserável. Decidi passar a vida a pensar nisso.
(…)
Schopenhauer considerava que era essa a condição humana universal: desejar, saciar-se, entediar-se e desejar outra vez.
(…)
Schopenhauer apreciava as técnicas de meditação orientais e o destaque que estas dão à libertação da mente, de ver através da ilusão e aliviar o sofrimento aprendendo a arte do desapego. Aliás foi ele quem trouxe o pensamento oriental para a filosofia do Ocidente.
(…)
… Quantos mais amigos se tem, mais pesada fica a vida e mais sofre a pessoa quando os perde. Schopenhauer e o budismo dizem que não devemos apegar-nos a nada e …
(…)
É interessante que, além da vida real, o homem tem sempre uma segunda vida abstracta em que, com calma deliberação, o que antes o deixava nervoso e irritado parece frio, sem graça e distante: ele é mero espectador e observador.
(…)
As grandes dores fazem com que as menores mal se sintam e, na falta das grandes, até o menor desgosto nos atormenta.
(…)
A Flor respondeu: - Tolo! Imaginas que abro as minhas pétalas para que as vejam? Eu desabrocho para mim própria porque isso me agrada, e não para agradar aos outros. A minha alegria consiste no meu ser e no meu desabrochar.
(…)
A filosofia é uma estrada isolada numa grande montanha (…) e quanto mais subimos, mais isolados ficamos. Quem a percorre não a deve temer, mas deixar tudo para trás e abrir caminho, confiante, na neve do Inverno. (…) Em breve vê o mundo lá em baixo, as suas praias e pântanos desaparecerem de vista, os seus pontos desiguais aplanam-se, os seus sons estridentes já não lhe chegam aos ouvidos. E a sua redondeza surge ao caminhante, que recebe sempre o ar fresco e puro da montanha e desfruta do sol quando tudo, lá em baixo, está mergulhado na escuridão da noite.
(…)
Num frio dia de Inverno, alguns porco-espinhos juntaram-se para se aquecerem com o calor dos seus corpos, para não enregelarem. Mas depressa viram que se estavam a picar e afastaram-se. Quando de novo ficaram com frio e se juntaram, repetiu-se a necessidade de se manterem separados até descobrirem a distância adequada a que se podiam tolerar. Assim é na sociedade, onde o vazio e a monotonia fazem com que os homens se aproximem, mas os seus múltiplos defeitos, desagradáveis e repelentes, fazem com que se afastem.
(…)
Schopenhauer lamenta qualquer hora desperdiçada no convívio ou em conversa com os outros. Diz: 'É melhor não dizer nada do que ter um diálogo estéril e parvo em conversas com bípedes.' Lamenta também ter procurado a vida inteira 'um verdadeiro ser humano mas encontrado apenas miseráveis canalhas, de inteligência limitada, mau coração e espírito mesquinho'. Numa nota autobiográfica, afirma: ' Quase todos os contratos com os homens são uma contaminação, uma violação. Chegámos a um mundo habitado por uma classe de criaturas lastimáveis à qual não pertencemos. Devemos estimar e honrar os poucos que são melhores, nascemos para instruir os restantes, não para nos associarmos a eles.'
(…)
A primeira regra para não ser um brinquedo nas mãos de qualquer velhaco, nem ridicularizado por qualquer imbecil, é manter-se reservado e distante.
(…)
Quando tinha trinta anos, estava cansado e aborrecido por ter de considerar iguais a mim pessoas que nada tinham que ver comigo.
(…)
Poucas coisas deixam as pessoas tão satisfeitas como ouvir algum problema ou constatar alguma fraqueza em ti.
(…)
A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos.
(…)
Os escritos e ideias deixados em livro por homens como eu são o meu maior prazer na vida. Sem livros, teria desesperado há muito tempo.
(…)
Quando nasce um homem como eu, só pode desejar uma coisa: que consiga ser sempre ele mesmo e viver para os seus dons intelectuais.
(…)
Ao chegar ao fim da vida, nenhum homem sincero e na posse das suas faculdades vai desejar voltar a viver. Preferirá morrer para sempre.
(…)
Consigo suportar a ideia de que, poucas horas depois de morrer, os vermes comerão o meu corpo, mas estremeço ao imaginar professores a criticar a minha filosofia.
(…)
in: A Cura de Schopenhauer, de Irvin D. Yalom, Saída de Emergência, 2016
(…)
Êxtase no acto da cópula, É isso! É essa a verdadeira essência e cerne de tudo, a meta e a finalidade de toda a existência.
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A Vida é uma coisa miserável. Decidi passar a vida a pensar nisso.
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Schopenhauer considerava que era essa a condição humana universal: desejar, saciar-se, entediar-se e desejar outra vez.
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Schopenhauer apreciava as técnicas de meditação orientais e o destaque que estas dão à libertação da mente, de ver através da ilusão e aliviar o sofrimento aprendendo a arte do desapego. Aliás foi ele quem trouxe o pensamento oriental para a filosofia do Ocidente.
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… Quantos mais amigos se tem, mais pesada fica a vida e mais sofre a pessoa quando os perde. Schopenhauer e o budismo dizem que não devemos apegar-nos a nada e …
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É interessante que, além da vida real, o homem tem sempre uma segunda vida abstracta em que, com calma deliberação, o que antes o deixava nervoso e irritado parece frio, sem graça e distante: ele é mero espectador e observador.
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As grandes dores fazem com que as menores mal se sintam e, na falta das grandes, até o menor desgosto nos atormenta.
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A Flor respondeu: - Tolo! Imaginas que abro as minhas pétalas para que as vejam? Eu desabrocho para mim própria porque isso me agrada, e não para agradar aos outros. A minha alegria consiste no meu ser e no meu desabrochar.
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A filosofia é uma estrada isolada numa grande montanha (…) e quanto mais subimos, mais isolados ficamos. Quem a percorre não a deve temer, mas deixar tudo para trás e abrir caminho, confiante, na neve do Inverno. (…) Em breve vê o mundo lá em baixo, as suas praias e pântanos desaparecerem de vista, os seus pontos desiguais aplanam-se, os seus sons estridentes já não lhe chegam aos ouvidos. E a sua redondeza surge ao caminhante, que recebe sempre o ar fresco e puro da montanha e desfruta do sol quando tudo, lá em baixo, está mergulhado na escuridão da noite.
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Num frio dia de Inverno, alguns porco-espinhos juntaram-se para se aquecerem com o calor dos seus corpos, para não enregelarem. Mas depressa viram que se estavam a picar e afastaram-se. Quando de novo ficaram com frio e se juntaram, repetiu-se a necessidade de se manterem separados até descobrirem a distância adequada a que se podiam tolerar. Assim é na sociedade, onde o vazio e a monotonia fazem com que os homens se aproximem, mas os seus múltiplos defeitos, desagradáveis e repelentes, fazem com que se afastem.
(…)
Schopenhauer lamenta qualquer hora desperdiçada no convívio ou em conversa com os outros. Diz: 'É melhor não dizer nada do que ter um diálogo estéril e parvo em conversas com bípedes.' Lamenta também ter procurado a vida inteira 'um verdadeiro ser humano mas encontrado apenas miseráveis canalhas, de inteligência limitada, mau coração e espírito mesquinho'. Numa nota autobiográfica, afirma: ' Quase todos os contratos com os homens são uma contaminação, uma violação. Chegámos a um mundo habitado por uma classe de criaturas lastimáveis à qual não pertencemos. Devemos estimar e honrar os poucos que são melhores, nascemos para instruir os restantes, não para nos associarmos a eles.'
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A primeira regra para não ser um brinquedo nas mãos de qualquer velhaco, nem ridicularizado por qualquer imbecil, é manter-se reservado e distante.
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Quando tinha trinta anos, estava cansado e aborrecido por ter de considerar iguais a mim pessoas que nada tinham que ver comigo.
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Poucas coisas deixam as pessoas tão satisfeitas como ouvir algum problema ou constatar alguma fraqueza em ti.
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A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos.
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Os escritos e ideias deixados em livro por homens como eu são o meu maior prazer na vida. Sem livros, teria desesperado há muito tempo.
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Quando nasce um homem como eu, só pode desejar uma coisa: que consiga ser sempre ele mesmo e viver para os seus dons intelectuais.
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Ao chegar ao fim da vida, nenhum homem sincero e na posse das suas faculdades vai desejar voltar a viver. Preferirá morrer para sempre.
(…)
Consigo suportar a ideia de que, poucas horas depois de morrer, os vermes comerão o meu corpo, mas estremeço ao imaginar professores a criticar a minha filosofia.
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in: A Cura de Schopenhauer, de Irvin D. Yalom, Saída de Emergência, 2016
09 março 2018
Albert Einstein | A Pessoa …
É um jovem inteligente, Einstein, muito inteligente. Mas, tem um grande defeito - não admite que lhe digam nada!
(…)
Ninguém é profeta na sua Terra.
(…)
Vivo a minha paixão com muita alegria e êxito. (…) Sou muito próximo dos meus alunos e espero conseguir estimular alguns.
(…)
Fui efectivamente alvo de alguns sentimentos de ódio. Mas, nunca me atingiram, pois vinham de um outro mundo, com o qual em nada me identifico.
(…)
Ele nunca foi um homem de seguir normas. O seu isolamento fazia-se notar em tudo.
(…)
O seu forte não era lidar com pessoas.
(…)
Einstein considerava a curiosidade a fonte da criação. Esta surgiria em todas as crianças saudáveis e expressar-se-ia como um 'interesse afectuoso por um objecto ou uma necessidade de verdade e compreensão. Seria a característica psicológica mais forte, sem a qual Einstein não teria conseguido criar a sua obra. Esta curiosidade seria induzida pelo espanto, pela admiração, pelo minari que já Platão descrevia apaixonadamente. O espanto estaria no 'berço de toda a ciência e arte'. (…) Quando se esgota a curiosidade, uma pessoa, está, por assim dizer 'morta'.
(…)
Qualquer forma de pressão, qualquer tipo de violência impede o desenvolvimento do Eu, impede a curiosidade, o pensamento autónomo, a autoconfiança, a franqueza, todo o 'estilo de vida saudável'. A liberdade seria o terreno fértil onde tudo o que fosse criativo pudesse germinar.
(…)
in: Albert Einstein, de Johannes Wickert, Barcelona, 2011
10 janeiro 2018
Um Olhar, Um Sentir
Já não sei em que sou especialista…
Arte
Pensamento
Filosofia
Natureza
…
Os seres humanos já não me atraem
Apenas as árvores
Algumas peças artísticas
O Sol
A Lua
…
O único encanto é olhar um céu estrelado à noite
O voo dos pássaros
E a música
…
Sou apenas uma forma incerta a passar por um corpo efémero…
14 dezembro 2017
O Movimento em Círculos | Exposição
O Sol e a Lua, interligados pelo ritmo de um movimento contínuo…
Ambos tão presentes e tão influentes no meu corpo feminino…
A diversidade de possibilidades de luz entre cada um deles, um nasce, um dorme, e um constante renovar de lugares, uma repetida e constante paleta de cores, um modo de olhar o universo, entre ambos a passagem do tempo, um tempo repetido infinitamente no espaço…
Enquanto, eu, aqui contemplando e escrevendo através das palavras, uma procura de mim, e uma interligação com estes ritmos diários, semanais, anuais até um dia me transformar também eu, em átomos redondos e em contínuo movimento…
in: O Movimento em Círculos, Exposição de Ana Gaspar, Centro de Interpretativo da Identidade Local, em Esperança, C. M. de Arronches, Dezembro de 2017
08 dezembro 2017
A Vida é uma Viagem | Exposição
A caligrafia na dança e na arte da escrita emocional.
A paixão dos ritmos, no ciclo da vida, o tempo que se repete infinitamente…
As viagens continuam e as palavras fluem como rios…
O Sol, a Lua, o Tempo na criação, e o universo na matéria.
O espaço vazio e o espaço preenchido, no cruzar dos dois encontra-se o equilíbrio.
A vida é uma Viagem com um tempo infinito, definido entre uma forma passada e uma nova transformação, uma viagem plena de ritmos, movimentos e sequências criadas pela viagem em si…
in: A Vida é uma Viagem, Biblioteca Municipal de Ferreira do Zezêre, Novembro de 2017.
22 setembro 2017
Da Natureza das Coisas | Lucrécio
Tal como na Natureza também Lucrécio é simultaneamente sombrio e luminoso.
…
Uma obra mais vasta de Epicuro, que se perdeu, os Trinta e Sete Livros … "Sobre a Natureza", título comum à obra de Empédocles, cuja formação poética é imitada por Lucrécio, e que está na origem do título da obra.
…
Na Villa dos Papiros, em Herculano, foram recuperados
…
E eis que até tu procuras afastar-te de nós uma vez ou outra, vencido pelas palavras assustadoras dos adivinhos! É na realidade, quantas fantasias eles são capazes de inventar, que podem mesmo alterar os critérios de comportamento e perturbar com o medo todas as alegrias da tua existência!
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Sobretudo quando é necessário tratar de muitos assuntos com palavras novas, por causa da pobreza da língua e da novidade dos assuntos. Mas a tua virtude e o prazer que espero da tua suave amizade persuade-me a suportar qualquer canseira e leva-me a passar acordado noites tranquilas, procurando com que palavras e com que versos poderei finalmente espargir diante da tua mente uma luz clara, com a qual possas perscrutar coisas profundamente escondidas.
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Portanto, nenhuma coisa regressa ao nada, mas todos regressam por desagregação aos átomos da matéria.
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Portanto, não perece completamente tudo aquilo que parece morrer, porque a Natureza forma de novo uma coisa a partir de outra, e não permite que nada seja gerado senão com a ajuda da morte de outra coisa.
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E impedirá que aquele que anda errante duvide e investigue constantemente sobre o universo e desconfie do que nós dizemos.
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Do mesmo modo, o tempo em si não existe, mas a sua percepção resulta das próprias coisas, aquilo que passou no tempo, depois que coisa está agora presente e ainda o que depois se seguirá.
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in: Da Natureza das Coisas, de Lucrécio, Edição Relógio D'Água, Lisboa, 2015
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