A água do rio continua a correr… O presente espaço é uma partilha de palavras e de imagens, desabafos e expressões com emoção e significado próprio…
07 abril 2016
Dignidade Perdida | Nietzsche
6 - Dignidade Perdida - A reflexão perdeu toda a sua dignidade da forma; ridicularizou-se o cerimonial e a atitude solene daquele que reflecte; e já não se poderia continuar a tolerar um homem sábio da velha escola.
Pensamos demasiado depressa, e pelo caminho, em plena marcha, no meio de negócios de toda a espécie, mesmo quando se trate do que há de mais sério; temos necessidade de pouca preparação, e até de pouca tranquilidade: é como se tivéssemos na cabeça uma máquina que girasse incessantemente e que progredisse o seu trabalho, mesmo nas piores condições.
Antigamente, quando alguém se queria pôr a pensar - era uma coisa provavelmente excepcional! - era coisa que se notava de imediato; notava-se que queria tornar-se mais sábio e que se preparava para uma ideia: seu rosto ganhava uma expressão como em oração e detinha-se na sua marcha; ficava até mesmo imóvel durante horas na rua, apoiado em uma perna ou nas duas, quando a ideia lhe 'surgia'. Perdia, então, a 'dignidade da coisa'.
in: A Ciência Gaia, de Friedrich Nietzsche, p. 41.