Aguarelas Finas, Le Corbusier | Maison La Roche, Paris

17 dezembro 2012

Tu és isso … eu não


« - Eu não percebo porque é que me achas atraente - murmurei. - Tu és … bom, tu és mesmo … e eu sou … - Encolhi os ombros e levantei os olhos para ele. - Não entendo. Tu és bonito, sexy, bem-sucedido, bom, gentil e carinhoso. Tu és tudo isso, e eu não. Não consigo fazer as coisas que tu gostas de fazer, não consigo dar-te aquilo de que precisas. Como poderias ser feliz comigo? Como poderei eu jamais prender-te? - A minha voz era um sussurro, ao expressar os meus medos mais tenebrosos. - Nunca percebi o que vês em mim. Ver-te com ela recordou-me tudo isso. - Funguei e limpei o nariz com as costas da mão, fitando a sua expressão impassível. (…)
- Vais ficar aqui ajoelhado toda a noite? É que eu também fico - disse-lhe eu, num tom brusco.»

in: As Cinquenta Sombras Mais Negras, de E L James, Vol. II, p. 348.

12 dezembro 2012

Charles Baudelaire | As Flores do Mal


A Morte dos Amantes

Teremos leitos só rosas ligeiras
Divãs de profundeza tumular,
E estranhas flores sobre prateleiras,
Sob os céus belos a desabrochar.

A arder de suas luzes derradeiras,
Nossos dois corações vão fulgurar,
Tochas a reflectir duas fogueiras
Em nossas duas almas, este par,

Gémeos espelhos. Por tarde mediúnica,
Nós trocaremos uma flama única
Um adeus que é um soluço tão cruel;

Pouco depois, um anjo abrindo as portas,
Virá vivificar, o mais fiel,
Os espelhos sem luz e as chamas mortas.

in: As Flores do Mal, de Charles Baudelaire, Ed. Planeta